sexta-feira, 1 de maio de 2015

O jogo que homenageava a ditadura e teve 22 expulsos. UOL


  • De preto no centro da imagem está Gilberto Nahas, árbitro que expulsou 22 jogadores num jogo em homenagem a ditadura
    De preto no centro da imagem está Gilberto Nahas, árbitro que expulsou 22 jogadores num jogo em homenagem a ditadura
Militares e cartolas de Florianópolis apostaram na dobradinha política e futebol para obter vantagens em 1971. Avaí e Figueirense entraram em campo no dia 1º de abril para um amistoso em homenagem a Revolução Democrática de 1964, como os militares batizaram o golpe em João Goulart. Os donos do poder queriam uma casquinha da popularidade do esporte e os dirigentes o cachê. Não contavam que o pau quebrasse e todos os jogadores fossem expulsos.

A troca de socos, pontapés e xingamentos ocorreu no começo do segundo tempo conta Felipe Matos, historiador e criador do site Memória Avaiana. Os jogadores não fizeram cerimônia por ter os principais comandantes das Forças Armadas de Santa Catarina e o governador Colombo Salles na tribuna de honra. Até a bandeira de escanteio foi usada como arma e somente os dois goleiros não brigaram

Vanderlei Silva, 71 anos, estava na arquibancada e recorda que os torcedores foram para casa frustrados porque Gilberto Nahas, árbitro da partida, expulsou os atletas. Considerado o melhor homem do apito da época, naquele dia ele mostrou porque merecia a deferência.

O historiador conta que o encerramento do jogo desgostou os militares e oficiais foram ao vestiário pedir que o juiz reconsiderasse a decisão. O nome de um almirante foi usado porque Nahas era sargento da Marinha. Mas ele não cedeu. Respondeu que em campo valiam as regras da FIFA e o árbitro era a autoridade máxima.
Felipe Matos diz que várias histórias surgiram a partir deste episódio e uma delas relata que Nahas passara uma semana preso. Folclore afirma o pesquisador. Na verdade ele foi "impedido de baixar à terra", expressão da Marinha que significa ser proibido de voltar para casa ao final do dia. Mas o árbitro não passou a noite numa cela.

Nahas morreu em 2010, mas dois anos antes falou ao jornal Hora de Santa Catarina que faria tudo igual e daria cartão vermelho para todos os jogadores. " Não tinha o que fazer. Simplesmente eu peguei o cartão vermelho, girei no ar para todos os lados e disse tá todo mundo expulso", relembrou.

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