Em tempos de recolhimento e encontros adiados, o mercado do sexo também pede socorro. E quando se fala na parcela mais vulnerável dessa categoria profissional, a fome bate à porta. Emanuela, 29 anos, travesti, precisa se alimentar e pagar o quarto onde mora, na Ilha Joana Bezerra. O espaço custa R$ 200, mas ela não sabe como fazer porque os negócios estão parados. Dependente dos clientes captados nas ruas do Recife, Emanuela se recolheu porque o movimento praticamente acabou.
“Nenhuma de nós tá descendo para a rua. Nem as mulheres cis. O movimento tá fraco. Se tivesse cliente, eu iria. Preciso. Agora uma tia está me ajudando. O almoço, pego todo dia, no Centro do Recife, de graça”, diz Emanuela. Ela conta estar na prostituição desde os 16 anos. Apesar de ter terminado o Ensino Médio, nunca conseguiu emprego em outra área. “Quando mostro o currículo com meu nome masculino e minha aparência feminina, ninguém quer contratar”, lamenta. A realidade de Emanuela é a mesma da maioria das travestis. Sem oportunidade no mercado formal, partem para o mercado do sexo.
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