O PENTA
É notória e crescente a homossexualidade
nos tempos atuais. Nos anos 60, em Maceió, contava-se a dedo os assumidos. A
modernidade deu coragem e ânimo aos enrustidos saírem do armário e haver essa
explosão. Eles estão certos, ninguém tem nada a ver com a preferência dos
outros.
Nos anos dourados existia no bairro do Farol, perto
de onde hoje é a TV Gazeta, o famoso Zeiga, uma pensão especial. O mais famoso
hóspede atendia por Ramona, apelidado também de Mandrake, chegado à mágica, adorava
fazer desaparecer coisas, ele era o líder. Tornou-se o bicha mais conhecido da
cidade.
Certa vez
aportou em Maceió, um pintor baiano de nome Sandoval Duarte. Rico e bonito
organizou uma “vernissage” concorrida e badalada. As moças solteiras, as
“socialites”, da época, ficaram encantadas com o charme daquele artista
espirituoso e bonito, parecia um galã de “Roliúde”.
Logo foi
revelada a opção sexual do grande pintor SANDUARTE. Houve “frisson” na
sociedade alagoana. Sanduarte apaixonou-se, teve um escandaloso caso com um
guapo muchacho, também coqueluche das meninas. Hoje, senhor respeitado e
temido, exercendo alto cargo nos Poderes.
Em noite de Baile de Máscara do Clube Fênix, um
forte rapaz fez sucesso com luxuosíssima fantasia bordada de lantejoulas e
paetês. Ninguém sabia se masculino ou feminino. O sexo do folião só foi
revelado durante a premiação, era homem, ganhou o concurso de fantasia de luxo,
primeiro lugar. O vencedor era meu primo, sobrinho neto e homônimo de Floriano
Peixoto, o Marechal de Ferro. Nós o chamávamos, sem deboche, de Fulô. Foi morar
no Rio de Janeiro, destino de muitos que iam dar expansão à sexualidade
reprimida.
As lésbicas também eram poucas conhecidas, ou
refreadas. Hoje estão aí aos montes, o homossexualismo feminino está em
expansão extraordinária. A mulherada entrou com fervor no caminho da revolução
de costumes. Hoje estão na direção e transformação do mundo. Assumiram cada vez
mais o “sapatismo”. Desfilam com namoradas, dão preferência abertamente às
mulheres, o que, aliás, comprovam bom gosto.
Aconteceu um fato emblemático com um amigo, vou
chamá-lo de Rock, em homenagem a Rock Hudson, bonito ator de cinema que no
final da vida revelou-se boiola. Esse amigo, depois do terceiro casamento, mora
só num apartamento na praia de Cruz das Almas, ama a vida de boemia e mulheres.
Há algum tempo ele foi para uma festa no Recife com a namorada, aliás, uma
menina de programa promovida à condição de noiva, assim apresentou Elizabeth
aos amigos no Recife.
No retorno quando seu carro passava numa curva
perto da cidade de Novo Lino, foi cruzado, fechado por uma camionete. Saltaram
quatro homens com revólveres na mão, apontando, gritando ser um assalto. Um
negrinho magro, com cara de fuinha e voz de “foen” entrou e sentou-se no banco
traseiro, encostou o frio cano da arma na nuca de Rock. Ele apavorado obedecia
aos gritos do marginal, dirigiu o carro até um matagal.
Apareceram outros assaltantes. Arrecadaram cartões
de crédito, dois mil reais em dinheiro, talão de cheques, celulares, joias e
bijuterias da “noiva”. Eram quase cinco da tarde quando dois bandidos levaram
Beth para outro local. Nas brenhas fizeram todo tipo de sacanagem sexual.
Enquanto
isso, os meliantes seguraram Rock, mandaram se despir, deixando-o na posição
que Napoleão perdeu a Guerra. Nesse
momento o Fuinha estuprou o apavorado Rock. Foi doloroso, ele chorou
angustiado.
Com o serviço terminado, os assaltantes deram um
arranque na camionete, deixaram os dois no carro, levaram a chave.
Passava das nove da noite quando Rock e Beth
bateram numa casa perto de Novo Lino. Foram socorridos. Dormiram num pequeno
hotel, prestaram queixa à Polícia. No dia seguinte chegou uma chave extra do
carro, trazida de Maceió.
O assalto deixou algumas sequelas, foram
traumáticos os primeiros dias, principalmente para Rock, estuprado
violentamente pelo Fuinha.
Existe uma relação muito forte entre a vítima e o
algoz, é a chamada síndrome de Estocolmo. Rock não esqueceu o Fuinha, toda
noite tinha sonhos eróticos sendo estuprado, ouvindo voz “foen”, vinha-lhe uma
excitação estranha. Resolveu consultar um psiquiatra. Com três meses de
análise, ele entendeu: o estupro revelou sua ambígua sexualidade.
Rock, hoje vive tranquilo, assumiu a
bissexualidade. Quando dá uma comichão, quando a vontade chega sem controle,
ele vai à noite à orla e escolhe um travesti para um programa.
No maior descaramento, afirma sorrindo, que é
bissexual porque só existem dois sexos, se fossem cinco sexos como são os
sentidos, ele seria PENTA.
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