domingo, 4 de outubro de 2015

DA COLUNA DO LUIZ OTÁVIO CAVALCANTE - JBF


carlos_pena_filho_atma

Soneto do Desmantelo Azul
A Samuel Mac Dowell Filho
Então, pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas,
Depois, vesti meus gestos insensatos
E colori, as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar no azul as coisas gratas,
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um sul
Vertiginosamente azul. Azul.

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