Carlito Lima depondo na Comissão da Verdade em março de 2014
Carlos Roberto Peixoto Lima, ou Carlito Lima, ficou conhecido
internacionalmente como escritor após ter lançado o livro Confissões de um Capitão, em 2001, pela Garamond, mas, o que poucos sabem é que antes de
tornar-se celebridade como escritor, Carlito já tinha frequentado a mídia
nacional por ter se colocado frontalmente contra a Ditadura Militar em 1979,
quando já era capitão da reserva do Exército.
Hoje ele confessa que nunca imaginou que aquelas entrevistas tivessem
tanta repercussão. “Naquela época foi nitroglicerina pura. Soube que a
entrevista foi pauta de reunião do Alto Comando Militar”.
Carlito explica a ideia da entrevista surgiu numa conversa informal, de
praia, com o jornalista Bernardino Souto Maior. Eles comentavam sobre o decreto
do general Figueiredo que proibia militar da ativa ou da reserva de fazer
pronunciamento político.
Como já estava na reserva, Carlito disse que ele tinha todo direito de
exercitar sua cidadania e que aquilo eram os últimos suspiros do regime
militar. Bernardino, como bom repórter, viu ali a chance de uma entrevista.
Assim, o semanário alagoano Desafio, que era comandado por jornalistas que
fizeram história em Alagoas, conseguiu convencer a um capitão do Exército a
falar contra a Ditadura Militar.
O Desafio era produzido por Artur Gondim, Devis Melo, Freitas Neto e o
próprio Bernardino Souto Maior.
A entrevista foi publicada no dia 4 de maio de 1979, no Desafio nº 75, que circulava até o dia 12 de maio. A chamada de capa era “Revolução decepciona capitão
do Exército”. A seguir a entrevista na íntegra.
Carlos Roberto Peixoto Lima, Carlito,
engenheiro, capitão R/1 do Exército, ex-prefeito de Barra de São Miguel, filho
do general Mário Lima e descendente do Marechal Floriano Peixoto, figura
conhecida na sociedade alagoana, desde a alta roda até os mais humildes,
torcedor fanático do Fluminense do Rio e da Escola de Samba Unidos do Poço,
onde todos os anos desfila no Carnaval.
Cursou a Academia Militar de Agulhas
Negras, serviu em quase todas as regiões do Brasil: Ceará, Rio, Bahia,
Pernambuco, Roraima, Amazonas, até vir de vez, em 1968, para Maceió, sua terra
natal, onde está até hoje.
DESAFIO – Carlito, como é que fica sua
situação? Você entrou na política e agora o general Figueiredo, em decreto,
proibiu todos os militares, inclusive os da reserva, de se manifestarem
politicamente?
CARLITO – Não sei. Inclusive penso em
ser candidato a vereador em Maceió nas eleições de 80. Como vou dar o recado,
se sou pela democracia plena, pelas eleições diretas, a favor da anistia total
e irrestrita, e, mais que nunca, tenho a convicção de que a “Revolução” acabou?
Carlito Lima dá entrevista para jornais do sul do país em 5 de maio de
1979
DESAFIO – E agora, o Sr. continua na
ARENA ou vai pro MBD?
CARLITO – Confesso que, quando me
candidatei a prefeito de Barra de São Miguel pela ARENA, vi que era o melhor
caminho de ganhar a eleição. Mas, francamente, sinto-me acanhado em dizer que
pertenço aos quadros da ARENA. Devido às minhas convicções, não posso estar no
partido que mantém o poder pela força, pelo regime militar. O poder tem que vir
do povo, só a ele pertence.
DESAFIO – Como foi essa sua decisão de
deixar o Exército e entrar na política?
CARLITO – Bem, depois de 16 anos de
vida militar e algumas decepções profissionais e políticas, resolvi sair do
Exército. Fazia a Faculdade de Engenharia quando o A1-5, em 1968, determinou a
aposentadoria compulsória a todo militar que fosse subversivo, corrupto,
pederasta ou eleito para algum cargo político.
Foi aí que vi a oportunidade de sair do
Exército com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Das quatro opções,
preferi a política. Eleito prefeito de Barra de São Miguel, fui automaticamente
aposentado e hoje pertenço à reserva remunerada do Exército.
DESAFIO – Como se sentiu em sair do
Exército, com regalias, mandando, tendo o poder, sendo cortejado, respeitado,
para ficar do outro lado?
CARLITO – Quero esclarecer uma coisa.
Quando rebentou a Revolução em 1964, eu era um jovem tenente crente e
entusiasmado com o movimento militar, achava que era a solução para a
esculhambação, a anarquia que reinava no país.
O propósito era segurar um ano para as
eleições gerais em 1965. Servia na 2ª Cia. de Guardas em Recife, tropa de elite
do IV Exército. Participei ativamente de várias missões com meu pelotão
fortemente armado, eram missões espinhosas. Participei mesmo.
DESAFIO – Houve sangue, morte?
CARLITO – Onde participei não houve
morte, mas muita correria, pedras de um lado, cassetete do outro e prisões. Mas
houve sangue e morte em Recife.
DESAFIO – Não foi na 2ª Cia. de Guardas
que ficaram preso o famoso Julião e outras figuras importantes da política
pernambucana?
CARLITO — Foi. A 2ª Companhia de Guardas
era o centro e o cérebro da Revolução, onde o coronel Ibiapina formou o quartel
general dos IPMs. Todos os presos considerados importantes e perigosos ficavam
lá. Quando estava de oficial de dia, era também carcereiro dos presos, Julião,
Arraes, Gibraldo Coelho, Paulo Freire, Paulo Cavalcanti, Gregório Bezerra,
Alfredo Ferreira Filho, Pelópidas da Silveira, entre outros…
DESAFIO – Sendo um “revolucionário
autêntico”, como era essa relação com os presos políticos?
CARLITO – Fui mesmo um revolucionário,
era um entusiasmado. O tempo foi passando, aí percebi o que já sabia, aqueles
comunistas eram gente como a gente, tinham famílias bonitas e não comiam braços
de criancinhas. Um cara como Miguel Arraes, governador e ali preso,
comportava-se com uma dignidade impressionante. Balançou muito o meu coreto
esse relacionamento diário com os presos.
Quando ficava de oficial de dia,
conversava bastante com os presos políticos. Por formação, por índole, até por
circunstância humanitária, sempre dava a atenção devida a todos. Procurava
amenizar aquela situação. Nada a ver com convicções políticas. Os colegas
oficiais me gozavam.
Existia a linha-dura dentro do
Exército, diziam que eu era da linha esportiva, colorida. Quarta-feira era dia
de visitas aos presos políticos. Recebíamos as famílias visitantes, que eram
levadas para uma sala ampla, onde passavam a tarde em reunião familiar,
conversando, recebendo comida e carinho, tão necessários numa hora como aquela.
Um dia, apareceu a filha de um preso.
Começamos uma paquera, veio o namoro. O comandante, quando soube, só faltou
implodir. Por essas e outras causas, terminei sendo transferido para a
fronteira na Amazônia, entre Roraima e Venezuela, junto aos índios.
DESAFIO – E como os ex-colegas de farda
lhe encaram hoje?
CARLITO – Quando a gente entra na
Escola Militar, ganha uma família, os companheiros de turma que passaram seis
anos dormindo e acordando juntos, estudando na mesma sala de aula, tendo os
mesmos problemas, ficam amigos para o resto da vida. Mesmo divergindo
politicamente, somos amigos.
Vladimir Palmeira, Guilherme Palmeira, Carlito Lima, Betuca, Quico e
Lelé Lima no carnaval de 1966.
DESAFIO – Vamos agora para a política
do estado. O nosso novo governador Guilherme Palmeira, diga alguma coisa sobre
ele.
CARLITO – Antes de mais nada, quero
esclarecer que Guilherme é um amigo, um companheiro de muitos anos, padrinho de
casamento, entre outras coisas. Sei que no fundo é um democrata, um liberal.
Ele não pode sair da linha traçada no Planalto, como qualquer outro governador.
Mas garanto que torço pelo bom governo de Guilherme, pois, afinal de contas, é
um representante de nossa geração e meu amigo.
DESAFIO – E o Senador Teotônio Vilela?
CARLITO – O caso é o seguinte: quando,
daqui a alguns anos, bater papo com meus netos, vou dizer para eles: “Conheci e
fui amigo de Teotônio Vilela. Teotônio é mais um alagoano que entra para a
História do Brasil”.
DESAFIO — E Divaldo Suruagy, também
entra para a História?
CARLITO – Divaldo é um cara
inteligente, um político por profissão. Se Maquiavel fosse vivo, teria o que
aprender com ele.
DESAFIO – E o general Figueiredo?
CARLITO – Pode entrar para a História,
se conduzir a redemocratização e a anistia geral e irrestrita.
DESAFIO – E o prefeito Fernando Collor?
CARLITO – Minhas relações com Fernando
são de amizade, famílias amigas desde a infância de minha mãe. É um homem
viajado, inteligente, dinâmico, tem tudo para ser um bom prefeito. Só que está
num cargo em que numa democracia, em eleição direta, ele jamais seria eleito.
Pois o eleitorado de Maceió é oposicionista, exigente, consciente. Estaria lá
na Prefeitura um homem com cheiro de povo. E Fernando cheira a Cabrochard
(perfume francês) (risos).
ENTREVISTA À GAZETA DE ALAGOAS
Sabendo da publicação da entrevista no Desafio, Roberto Vilanova, outro
grande repórter do jornalismo alagoano, também procurou Carlito e conseguiu uma
boa matéria. A Gazeta de Alagoas de 5 de maio de 1979 publicou chamada na
primeira página com foto: “Capitão
do Exército dá entrevista e critica a Revolução e acha que vai ser preso“.
O capitão Lima, do Exército, filho do
general Mário Lima e ex-carcereiro de Miguel Arraes, Julião e Gregório Bezerra,
quando era tenente em Recife, fez declarações políticas criticando os 15 anos
de Revolução e conclamando os militares a voltarem para os quartéis, porque a
sociedade já não os agüenta mais.
ROBERTO – Como é que o Sr. define a
situação política do Brasil, depois de 15 anos de Revolução?
CARLITO – A Revolução aconteceu, ajudei
a fazê-la em 1964, como oficial do Exército da tropa de elite do Recife, a 2°
Cia. de Guardas. Mas a Revolução não atingiu os objetivos a que se propôs,
primeiro a garantida da eleição para presidente em 1965. Descambou por outros
caminhos diferentes. Não é mais possível impor à nação outros 15 anos de
militarismo. O nosso país está amadurecido e os militares devem voltar
urgentemente aos quartéis, mesmo sem cumprir a missão a que se propuseram.
ROBERTO – Quer dizer que o Sr. se sente
frustrado?
CARLITO – Exatamente. E tenho medo de
que meus filhos venham mais tarde a me indagar com o que contribuí.
ROBERTO – Como político, o Sr. se situa
na direita, centro ou esquerda?
CARLITO – Sou apenas um democrata e
acredito no seguinte: o Poder deve emanar do povo e fora disso tudo é
ilegítimo.
ROBERTO – Mas o senhor acabou de dizer
que apoiou a Revolução.
CARLITO – A Revolução tinha um objetivo,
garantir a eleição de 1965, e está aí ha 15 anos os militares no poder. O
presidente Marechal Castelo Branco era um democrata convicto. Mas depois dele
veio o Marechal Costa e Silva, depois o general Médici, da linha-dura. A
Revolução trilhou por outros caminhos e não dá mais para fazer experiências. Já
se tem uma geração aí que se formou sob o regime de exceção.
ROBERTO – Qual era o seu papel, a sua
função na 2° Cia. de Guardas?
CARLITO – Comandante de Pelotão. Era 1º
tenente e a Companhia de Guardas era comandada por um capitão.
ROBERTO – Por que a 2ª Cia. de Guardas
ficou famosa no âmbito do IV Exército?
CARI.ITO – A 2ª Cia. de Guardas é uma
tropa de elite. Para que um soldado seja incorporado, tem de preencher algumas
exigências, inclusive ter, no mínimo, 1,70 m de altura.
ROBERTO – Qual a impressão que ficou
dos presos políticos?
CARLITO – Com o contato direto,
enxerguei a verdade, eram apenas uns idealistas, gente normal. E o que
defendiam, o que chamavam de idéias comunistas, é hoje bandeira da Igreja
Católica, de D. Paulo Evaristo Anis: acabar com a fome, o desemprego, as
injustiças sociais.
ROBERTO – Qual dos presos mais o
impressionou?
CARLITO – O Julião. Quando falava, era
com alma, dizia estar ali por fazer parte da vida de um revolucionário, era
caso de fé íntima. O Arraes também me impressionou pela dignidade de conduta.
Como Paulo Cavalcante, Paulo Freire e outros.
ROBERTO – Seu pai é general da Reserva,
que se manteve afastado da política. Será que não fica chocado pela sua posição
de militar dissidente?
CARLITO – Meu pai tem uma idéia, eu
tenho outra. Ele nos criou assim. Ele me respeita e eu o respeito. Tanto ele
como eu fomos entusiasmados no Exército.
ROBERTO – O Sr. está decepcionado?
CARLITO – De certa forma, sim.
ROBERTO – O Sr., fazendo essas
declarações políticas, deve estar consciente de que será preso. Alguém lhe
garante a bronca?
CARLITO – Tenho consciência que posso
ser preso. Mas tem problema, não.
ROBERTO – É verdade que o Sr. namorou a
filha de um preso político?
CARLITO – É, e deu um bolo danado. O
meu comandante implodiu. O mundo quase desabou quando souberam. Fui transferido
para a fronteira amazônica, entre o território de Roraima e a Venezuela,
sediado em Boa Vista.
ROBERTO – Para finalizar, o que o Sr.
deixa de recado?
CARLITO – Entreguem o Poder ao civil. O
Poder tem de emanar do povo, fora disso tudo é ilegal, tudo é ilícito. É
preciso ajudar o país e esse continente latino, tantas vezes espoliados pelos
colonizadores, e agora pelas multinacionais.
IMPRENSA NACIONAL REPERCUTE
As duas entrevistas tiveram repercussão imediata em todo o país. Os
principais jornais do Brasil procuraram Carlito para outras entrevistas. Ele
revela em seu livro Confissões
de um Capitão, que após dar várias declarações, se
sentiu usado e resolveu se esconder um pouco em Recife, onde passou uma semana.
Os principais jornais do país assim repercutiram as declarações do
Carlito Lima.
Jornal do Commercio, Recife, 5 de maio de 1979:
CAPITÃO DIZ QUE SERÁ PRESO, MAS VAI
PARA O MDB
“O capitão do Exército Carlos Roberto Peixoto Lima, ex-carcereiro de
Arraes e Julião, anunciou ontem sua filiação ao MDB e conclamou os militares a
voltarem aos quartéis.”
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 5 de maio de 1979:
“Sr. Carlos Roberto Peixoto Lima, que foi, quando capitão da ativa,
carcereiro de Julião, Arraes e Gregório Bezerra, anunciou, ontem, sua filiação
ao MBD, para concorrer à eleição de vereador na capital. Conclamou os militares
a voltarem aos quartéis, por achar que não é mais possível se passar outros
anos de experiências com um regime que não deu certo…”
Outras matérias foram publicadas no Diário de Pernambuco, Jornal da
Bahia, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo, A Tarde da Bahia e
até nos EUA ouve publicação.
No Jornal do Commercio de 5 de maio de 1979, surge a primeira
manifestação de políticos favoráveis às posições defendidas por Carlito.
Matéria com a opinião de um vereador:
CARLOS DUARTE ANALISA AÇÃO DO CAPITÃO
LIMA
“O capitão Lima, por sua entrevista, vê-se que é um homem honesto, dos
muitos que se equivocaram em 1964. Não importa que tenha sido por dever de
ofício, carcereiro de presos políticos na época da Revolução. O importante é
que não consta que, sendo carcereiro, foi um espancador como muitos militares
que se transformaram em verdadeiros capitães do mato, com a triste experiência
desses seculares 15 anos de ditadura fascista. A afirmação é do ex-vereador de
Recife e advogado Carlos Duarte, que foi preso na Revolução de 1964 e hoje
cuida de todos os bens do ex-governador Miguel Arraes.
Ele se convenceu de seu erro, e, fiel à sua consciência de homem sem
formação política ou filosófica, que acreditava salvar o Brasil com
metralhadoras, prisões e banimentos, procura hoje redimir-se, pública e
humildemente, de seu grande erro. O gesto do capitão Lima é de ‘respeito ao
povo’, reputando-o como o único real dirigente dos destinos nacionais.”
General Mário Lima, pai do Carlito
Mas nem todo mundo concordava com Carlito. No Jornal do Brasil de 6
de maio de 1979, a discordância vem do próprio pai do Carlito:
GENERAL DISCORDA DO FILHO, QUE PEDIU
VOLTA DOS MILITARES AOS QUARTÉIS
“Maceió — O general da Reserva Mário Lima, pai do capitão R/1, Carlos
Roberto Peixoto Lima, que vai se filiar ao MDB e fez declarações pedindo a
volta dos militares aos quartéis, discordou das colocações de seu filho sobre a
Revolução de 1964, mas garantiu que lhe dará apoio “como pai e amigo que soube
criar com liberdade.”
A Gazeta de Alagoas de 6 de maio de 1979, também informa sobre os desdobramentos da entrevista:
ENTREVISTA DO CAPITÃO QUE CRITICOU A REVOLUÇÃO TEVE REPERCUSSÃO NACIONAL
“Até o empate de zero a zero, no jogo de botão com seu filho Henrique,
tirou a normalidade do dia do Cap. Lima, acordado às 7 horas com telefonema de
Salvador, seguida de outro do Recife, pela repercussão nacional que alcançou
sua entrevista pedindo a volta dos militares aos quartéis e dizendo que ia se
filiar no MDB. Já à tarde, o volume de telefonemas chegou a tal número que
decidiu sair de sua residência, embora sabendo que iria frustrar muitos amigos
de outros estados e de Maceió, que telefonavam para se solidarizarem pelas
declarações publicadas…”
No Jornal de Alagoas de 6 de maio de 1979 aparece a primeira
solidariedade de um político alagoano. O deputado estadual Renan Calheiros teve
uma posição corajosa, um gesto que Carlito Lima faz questão de lembrar com
gratidão.
RENAN DIZ QUE CAPITÃO É UM EXEMPLO A
SEGUIR
“Afirmando que o exemplo do capitão Carlito Lima deve ser seguido por
vários outros democratas, em conseqüência dos 15 anos de ditadura, o deputado
Renan Calheiros pronunciou-se a respeito da entrevista prestada por aquele
militar, na qual faz declarações políticas criticando a Revolução.
‘Democratas que participaram de sua própria consumação, insatisfeitos
com a situação vigente, abandonam as hostes do partido do governo, o capitão
Carlito Lima comprova o alegado. Este exemplo deve ser seguido por vários
democratas conseqüentes, que 15 anos de ditadura não o fizeram recuar.
Depois do golpe de 1964, não vejo como fazer previsão, pois contra
regime de força não há argumento. Não acredito, entretanto, que as verdades
retratadas por Carlito respaldem em prisão. Se assim o fosse, já estariam
encarcerados vários militares, que não se dobram à ditadura’.”
A coluna “Alta Prioridade”, do jornalista Alberto Jambo, publicada no Jornal de Alagoas, também se posiciona favorável às ideias do Carlito Lima.
” O semanário Desafio, que aqui se edita, em sua última edição divulga
um depoimento de um homem simples que, a despeito da singeleza do que nele se
contém, encerra, se não verdades absolutas (pois que estas não existem) mas
conceitos que se aproximam claramente do bom senso”.
Carlito não foi preso
Mesmo sendo algo esperado por todos, Carlito não foi preso e nem
candidato a vereador. O IV Exército enviou para ele um ofício confidencial
perguntando se as declarações eram realmente dele. Carlito respondeu, também
por ofício: “Respondo afirmativamente”.
Esse é o grande Carlito, o Duque de Jaraguá.
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