Não entendi direito quando li. Talvez porque minha mente e/ou memória estivessem estancadas em era onde alcançar o milhão é sonho, e o bilhão, mera impossibilidade matemática para a maioria dos mortais. R$ 88 bilhões simplesmente não cabiam na imaginação.
Na pátria educadora, determinar o que não se sabe é tarefa simples. Faz tempo que não saber deixou de ser simples estado, possivelmente transitório, a ser evitado. Hoje em dia, não saber é argumento importante (talvez por ser quase o único) de defesa em processos criminais. Difícil mesmo tem sido estabelecer o que cada um sabe.
Busquei, nos suspeitos de sempre, razões para desmentir o fato. Talvez fosse simples erro na divulgação ou digitação, pensei. Adicionaram-se, indevidamente, zeros a direita durante digitação. Não era erro. Ou pelo menos o erro não foi de digitação.
Confirmado os fatos, a perplexidade persistiu. Os números ainda desafiavam minha imaginação. Escapava à minha imaginação o cálculo do número de caminhões necessários para transportar R$ 88 bilhões; ou como teria virado pó sem que se tenha percebido.
Em valores atuais, Bernard Madoff, na maior fraude financeira da historia dos EUA, aliviou investidores de valores estimados entre R$ 26 bilhões e R$ 45 bilhões. Era amador. Agora sabemos.
Mesmo considerando o desafio à imaginação, difícil mesmo é explicar a mansidão com que o número foi recebido. O mesmo povo que se revoltou por R$ 0,20, agora assiste e engole passivamente um engodo de R$ 88 bilhões.
O certo é que, apesar de tudo, esta sequência de fatos, números e eventos inacreditáveis ou inimagináveis representa oportunidade. Ainda que R$ 88 bilhões depois. Ainda que com sede. Ainda que no escuro. Mesmo que desnecessária e demasiadamente cara. Mesmo assim é oportunidade. Talvez a escuridão valorize a luz. Talvez a falta de água traga a vergonha, substitua a ausência de vergonha.
Talvez boa governança passe a ser valorizada. E bom governo, exigido. Eles importam. Sempre.
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