- Lembre-se: forçar uma pessoa a fazer coisas que ela não gosta é um erro
A palavra-chave do bom sexo é troca; mas, infelizmente, muita gente não se preocupa muito com o prazer do outro. Transar apenas quando quer, pedir sexo oral e se recusar a fazer, impor posições ou variações que causam desconforto alheio e evitar beijar na boca contrariando o desejo do par são apenas alguns exemplos de atitudes que as pessoas egoístas no sexo costumam ter.
"Seu único interesse é a própria satisfação. O par passa a ser um mero coadjuvante", diz o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr., professor e médico do Serviço de Sexologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). O prazer do parceiro pouco ou nada importa.
Segundo Amaury, infelizmente, alguns indivíduos acabam se submetendo a práticas que não gostam. Os motivos vão desde amor, medo da perda e do abandono, baixa autoestima até uma tentativa de transformar o sexo casual em um relacionamento sério.
"Muitos egoístas até se empenham nos carinhos até atingir seus objetivos. Depois, caem fora", fala a terapeuta sexual Carla Cecarello, fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade).
Quem deseja levar a relação adiante e melhorá-la na cama –até porque um sexo ruim pode comprometer outros aspectos da vida– deve saber que abrir o jogo sobre o que sente é o primeiro passo. Mesmo porque o egoísmo, às vezes, é, fruto de uma educação conservadora, em que a pessoa aprendeu que determinadas práticas são erradas.
"Ela pode ter crescido com a ideia de que sexo oral, por exemplo, é algo sujo ou pecaminoso, daí o constrangimento na hora de fazer", comenta a terapeuta sexual Arlete Girello Gavranic, do Isexp (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática).
Cabe à pessoa que se sente lesada ou injustiçada, então, conversar e mostrar o quanto algumas atitudes podem significar interesse e carinho e que o investimento no prazer a dois é algo muito importante. De acordo com Juliana Bonetti Simão, psicóloga especializada em sexualidade da capital paulista, questões afetivas também devem ser levadas em consideração.
Seja quais forem as circunstâncias, o diálogo é sempre o melhor caminho. Funciona? Depende. "Ninguém muda ninguém, a não ser que a pessoa queira. Porém, é possível impor suas vontades, não ceder à submissão e fazer o par perceber o próprio egoísmo, sempre explicando que o sexo é uma troca e que os direitos são iguais", fala Carla.
"Algumas pessoas passam a ceder e a entrar no jogo da troca, mas se o egoísmo for um traço muito presente nas relações gerais dessa pessoa, a mudança é mais difícil de acontecer. Às vezes, há a necessidade de terapia para que ela aprenda a fazer concessões", completa Arlete. Mas é importante ter em mente que ninguém deve se sentir obrigado a realizar alguma prática sexual que não se sente bem. O prazer só é saudável quando agrada as duas pessoas.
Para a psicóloga Juliana, se a pessoa estiver aberta à mudança, mostrará disponibilidade em ouvir e, a partir disso, se colocar no lugar do outro e entender suas necessidades. "No entanto, não se deve esperar uma transformação de comportamento radical do par. Quando se trata de sexualidade, o ideal é sincronizar aquilo que cada um gosta e procurar estabelecer um meio termo. Nesse caso, ambos podem descobrir maneiras criativas de lidar com as diferenças", declara.
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