sábado, 8 de fevereiro de 2014

UM TEXTO DE ÊNIO LINS




Aí está uma ideia interessante, proposta por segmentos canhotos europeus: Edward Snowden como candidato ao Nobel da Paz deste ano.

Algo alvissareiro, pois das tais “novas esquerdas”, europeias ou de qualquer outro lugar do mundo, poucas propostas podem ser aproveitadas para alguma coisa. A indigência ideológica e política é de tal magnitude que parece ter havido um apagão na inteligência à esquerda. Salvo alguma raríssima exceção, a suposta renovação no que se pretende o movimento revolucionário no mundo rasteja na mais pura indigência teórica e prática, mormente colocando-se a reboque de surtos tresloucados como os black blocs ou de picaretagens como as coisas da máfia verde; quando não, vê-se siglas que deveriam prezar pela reputação mergulhadas em falsificações grosseiras como a tal “primavera árabe” (no caso, findam por fazer o jogo dos mais obscurantistas dentre os radicais muçulmanos, como no caso da oposição síria dominada pelo Talibã, hoje passando por “progressista” por combater Bashar al-Assad).

Uma luz no túnel: a campanha para Edward Snowden receber o Nobel da Paz. Aí, sim, temos um objetivo político claro e radicalmente contestador.

Esta é uma campanha inteligente, capaz de denunciar – através de uma proposta positiva (e não apenas da verborragia) – várias mazelas ao mesmo tempo. Em primeiro lugar, foca uma meta transparente e justa, conceder a mais famosa premiação do mundo a um cidadão que arrisca sua vida e liberdade para denunciar os excessos da política de espionagem da única superpotência da atualidade; em segundo lugar, pelo fato do atual presidente dos Estados Unidos, e autoridade responsável por tais abusos, ter sido agraciado com o próprio Nobel da Paz, por “antecipação”, numa atitude que desmoraliza a honraria em função dos fatos posteriores à premiação; em terceiro lugar coloca em cheque o próprio sistema do Nobel, cada dia mais desgastado por concessões graciosas que mais parecem responder às pressões dos grandes lobbys, como os feitos pelas principais universidades do chamado primeiro mundo que passaram a trabalhar o Nobel como mera (e cara) peça de marketing.

Não será fácil para a mesma “academia” que antecipou o Nobel da Paz para Obama, que o distribuiu antes para chefes guerreiros como Arafat e Rabin (e para Ho Chi Min, que o recusou) e o pôs nas mãos de um velho terrorista como Menachem Begin, conceder essa distinção a um pária hostilizado pelos Estados Unidos e seus áulicos e provisoriamente abrigado pela burocracia russa.

Mas, principalmente por tudo isso, esta é uma brilhante proposta: Snowden para Nobel da Paz!

Quêde o abaixo-assinado?

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