quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

LYSETE LYRA, UMA MULHER HISTÓRIA


Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL

            Cada vez mais me convenço que simpatia não obedece à razão. Este sentimento, simplesmente, acontece envolvendo pessoas que se destacam por seus atos, comportamento, alegria ou, até mesmo, habilidade para desenvolver as atividades a que se dispõe.
            A simpatia por um semelhante independe de idade, sexo ou classe social e, quando acontece, aprofunda-se por um magnetismo difícil de ser explicado. Recordo quando, anos atrás, ao mencionar a palavra nonagenário, meus pensamentos eram remetidos à velhice e abandono, para o convívio com histórias de antigamente e saudades de uma época que passou.
            Algumas pessoas porém, bem mais experientes  que eu, aos poucos foram entrando em minha vida e com os seus comportamentos altruístas me fizeram modificar tal crença, incentivando-me a “continuar vivo” para, um dia, atingir aquela faixa etária, e, olhando nos olhos de meus semelhantes, sorrindo destravado, não somente passar a fazer parte de suas existências, como, acima de tudo, deixando minhas pegadas em seus corações.
            Nos últimos anos tenho convivido com gente especial, destacando meus alunos da UFAL que, por sua pouca idade poderiam se assemelhar a espelhos não somente refletindo otimismo, mas sonhando com o futuro, mesmo sem ainda possuírem passado. Do outro lado da vertente, aproximei-me de seres humanos que muito já viveram e do alto de suas experiências terrenas, apostam no hoje como o grande dia de suas vidas.
            Sem medo de errar, destaco Lysete Lyra, uma autêntica mulher história, a grande dama da Maceió contemporânea que, em poucos dias, completa noventa anos de idade, possuindo espírito de debutante e, mais que tudo, deixando explícitos, em seus gestos e atos, a certeza de que jovens bonitos são consequências da natureza enquanto idosos glamorosos são obras de arte.
            Sempre que a oportunidade me sorriu, nunca perdi a chance de com ela muito conversar e aprender, fosse ajudando-a em sua cadeira de rodas enquanto admirava peças em exposições de cultura, ou sentado a seu lado em recitais diversos, mesas de restaurante ou reuniões de Academias Literárias. Ao escutar suas sempre joviais histórias, como namorada, esposa, mãe ou eximia viajante, facilmente entendi ser o grande segredo da convivência humana, o fato de, ao contactarmos pessoas ou visitarmos diferentes países, enxergarmos as diferenças que existem, lhes trazendo a beleza de nossa própria alma.
            Autora de diversos livros, também brinda o público, semanalmente, com artigos e textos inéditos que, ao serem interpretados, transportam o leitor aos recônditos do mundo, incentivando-o a aceitar que a maior aventura de um ser humano é viajar, e a maior viagem que alguém pode empreender é para dentro de si mesmo.
            Dona Lysete Lyra representa o hoje, que, com seu sorriso permanente e bondade explicita atreve-se a desvendar os mistérios do amanhã, sem nunca deixar de ser uma Mulher História pelo muito que já fez em sua vida. Sou feliz, por ser seu fã e seu amigo. 

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