Como o capitão Carlito Lima resgatou Marechal ao centro da cultura alagoana
Publicado em 24 de Janeiro de 2014
Seja sincero.
Que alagoano vivo seria capaz de trazer para o Estado os escritores Ledo Ivo (um ano antes de sua morte), Antonio Torres, Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colasanti, Affonso Romanno de Sant’Anna, Luiz Ruffato, Alexei Bueno, os netos de Graciliano Ramos (Ricardo e Elizabeth Ramos), o cineasta Cacá Diegues, o ministro do Esporte Aldo Rebelo, os jornalistas Audálio Dantas, Luiz Gutemberg e Sebastião Nery, a enciclopédia viva da música Ricardo Cravo Albin entre inúmeras outras personalidades da literatura, da música, enfim, da cultura brasileira?
E mais: trazer toda essas personalidades para se encontrar em Marechal Deodoro de uma maneira tão natural – e sem cerimônia - que poucos parecem perceber quanto esforço, energia e recursos seriam necessários caso o anfitrião não fosse o alagoano Carlito Lima?
Pois é, com sorriso aberto, camaradagem boêmia e energia de um jovem cadete, o ex-capitão do exército e cronista Carlito Lima (apelidado carinhosamente de capita) conseguiu fazer isso e muito mais pela cultura alagoana desde que, em 2009, o prefeito de Marechal Cristiano Mateus o convidou para assumir a Secretaria de Cultura por sugestão do historiador Douglas Apratto.
Desde então, Carlito não parou. Entusiasmado com a Feira Literária de Parati, propôs ao prefeito a criação no mesmo ano de uma Festa Literária em Marechal Deodoro. O prefeito topou (“Ele nunca me disse um não”, diz Carlito) e a Flimar consolidou-se indo esse ano para sua quinta edição (de 12 a 15 de novembro), que novamente vai homenagear um alagoano morto e um vivo – Tavares Bastos, grande pensador do império, e Djavan, que já confirmou presença.
Até lá, Carlito comanda as Sextas Clássicas, que toda sexta até o dia 21 de fevereiro apresentará grupos de folclore e concertos de música em frente ao belo convento franciscano da cidade. No dia 17 de janeiro, por exemplo, deodorenses e turistas lotaram as cadeiras para ouvir o grupo Arte & Choro e o cantor Dhyda Lyra, acompanhado do maestro Antônio Carmo, interpretar clássicos da canção italiana, americana e brasileira em noite de lua cheia.
Carlito, que além de capitão reformado do exército é engenheiro civil, foi prefeito da Barra de São Miguel (em 1973, quando para ir à cidade era preciso passar por São Miguel dos Campos), tornou-se escritor tardiamente ao publicar, em 2002, suas histórias de vida no livro Confissões de um Capitão. Em seguida, foi convidado pelo jornalista Plínio Lins para escrever crônicas semanais para o extinto O Jornal e até hoje não deixou mais de escrever, assinando atualmente suas crônicas na Gazeta de Alagoas.
Como cronista e agitador cultural, Carlito já foi homenageado por uma escola de samba alagoana e tem sido alvo recorrente de matérias em jornais nacionais, como O Globo. Prestes a completar 74 anos, poderia muito bem se acomodar. Quem o conhece, contudo, sabe que ele já anda ocupado com o pré-carnaval em Marechal Deodoro (onde criou o Ninho do Pinto, bloco formado por embarcações que atravessam a lagoa), com a coordenação das próximas Sextas Clássicas, com a logística da quinta edição da Flimar e outras missões que indicam que, como um bom e experiente capitão, não pretende abandonar tão cedo o campo de batalha.
por Rodrigo Cavalcante
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