sexta-feira, 28 de junho de 2013

É PRECISO MEXER TAMBÉM NOS CONTEÚDOS - UM TEXTO DE ANIVALDO MIRANDA - GAZETA DE ALAGOAS


Por: » ANIVALDO DE MIRANDA PINTO - jornalista.
As ruas trovejaram e alguns resultados já vieram: anulação de aumentos nas passagens, derrubada da PEC 37, conversão dos crimes de corrupção em crimes hediondos e promessas de mais recursos para educação e saúde.

Outras virão nos próximos dias enquanto durar o calor das manifestações. São conquistas emblemáticas, mas precisam ser aprofundadas se quisermos mudanças que, além da forma, atinjam também os conteúdos das nossas políticas públicas.

Cito, por exemplo, o caso dos transportes públicos. Se ficarmos tão somente na diminuição dos preços das passagens, ampliação de corredores de transporte, melhoria dos ônibus e outras medidas importantes mas até certo ponto paliativas, estaremos em verdade adiando novos impasses para o futuro. Daí a necessidade de incorporar ao debate, além dessas medidas de urgência, a demanda mais estratégica de mudanças na matriz brasileira dos transportes, que atinja ademais do transporte urbano, o transporte interestadual e sobretudo o transporte de cargas.

Chegou a hora de questionar a longa ditadura das montadoras de automóveis e do transporte rodoviário, o mais caro do mundo, para exigir um novo modelo que faça das ferrovias e do transporte fluvial e marítimo a espinha dorsal dessa nova matriz.

Encher as cidades de mais e mais veículos automotivos, vendidos em até 60 e 80 meses com estímulos fiscais, para enfrentar os desafios que a crise econômica mundial representava para o Brasil, foi mais um erro do jeito petista de governar. O governo deu dinheiro público para as montadoras com o chapéu dos assalariados brasileiros e, ao invés de resolver um problema, criou outro muito maior.

O dinheiro que serviu para jogar mais carros na rua deveria ter ido para a produção de mais trens, mais barcos, mais balsas e estímulo ao transporte coletivo de qualidade. Em síntese, precisamos mexer nas matrizes da economia e da produção. Construir coletivamente e de forma democrática um novo modelo de economia e de sociedade se não quisermos que essa fantástica energia das ruas volte a se dissipar no cemitério das boas ideias e na fadiga na rotina do nosso sacrificado dia a dia.

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