sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA


 O LARGO COLO DE DEUS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL




Segredam-me  obreiros evangélicos que de há muito Jeová havia decidido abdicar daqueles métodos, digamos, linha dura, historicamente aplicados  em célebres acontecimentos, de triste memória, como  a devastação de Sodoma e Gomorra, badaladas comunidades gays. Ao escapar fedendo,  Ló  deveu sua vida ao carinho  de Deus por  tio Abraão.
A divina ira fez-se sentir mais uma vez  no desmantelo conhecido como dilúvio. Grande administrador, não fora o bom Noé um sujeito com as qualidades morais e éticas que todos admiramos, e nem ele teria escapado.
Por sinal, ainda hoje fico surpreendido com a engenhosa nave que teria abrigado  o patriarca e sua numerosa prole, além de casais de animais de todas as espécies. Penso que foi dali que surgiu a ideia do jardim zoológico. Incrível! Bichos habitualmente arredios, inamistosos, sem muitas noções de higiene, convivendo fraternalmente, intuiriam que não poderiam estar se comendo uns aos outros, sob pena de irrevogável extinção.
A verdade, no entanto, precisa ser dita. Jeová nunca perdeu completamente a esperança. Claro que muitas águas rolaram e muitos homens e mulheres se amaram. Ciclotímico, o humor celestial, como era de se esperar,  era sujeito a  variações. Gostava de testar a fé dos seus servos. Jó foi um dos caras que sofreu o diabo, ainda que imerecidamente. Isaac, filho da anciã e menopausada Sara, foi outro que quase se estrepava. Fazer o quê? Como diria Zé Dirceu, ordens divinas não se discutem. Cumprem-se.
Criado  o pecado, inventou-se o perdão. Contudo, a inclinação para os castigos é inelutável.  De quando em vez, para os meus orientadores espirituais, inopinadamente, Deus resolve mandar seus recados. Um tsunami ali, um terremoto acolá... Um dia é um vulcão que fica bravo, são torres que desabam...
Como ia dizendo, Deus está sempre a nossa espera com o coração cheio de amor e as mãos repletas de perdão. Ele oferece todas as chances para o sujeito se reconciliar. E quando a gente vê uma  fria ex-terrorista chorando convulsa  diante de um funesto acontecimento é que se tem a certeza de que Deus obrou naquela alma odienta.
Defensores da máxima " errar é humano", Fernandinho Beira-Mar e Carlinhos Cachoeira, pela graça de Deus, levando vida monástica, estão em vias de conversão.  Doutra parte,  ninguém tem dúvidas sobre o pungente arrependimento dos nossos   Sarney,  Maluf, Genoíno, Henrique Alves, Demóstenes, dentre outros. 

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