A solução final de Taro Aso
Dias atrás o ministro das finanças do Japão, Taro Aso, setenta e dois anos, foi protagonista de uma declaração que resume, simboliza, o pensamento neoliberal da nova ordem mundial, o processo civilizatório hegemônico imposto ao mundo através da consigna: ao mercado, ao capital e ao lucro tudo, sem nenhum pudor ou limites.
Para o chefe de uma das três maiores economias do planeta, considerada padrão de qualidade de vida no primeiro mundo, "os idosos devem se apressar e morrer porque estão dando prejuízo às finanças nacionais".
A expectativa de vida no Japão é a segunda mais alta do mundo, 86 anos para as mulheres e 79 para os homens. Mas para o dito ministro, que inicia a própria trajetória de longevidade, esse avanço conquistado desde a segunda metade do século XX é absurdo.
Porém o seu raciocínio não é original, permeia o espírito atual de toda economia global de mercado, exerce intensa pressão em qualquer lugar do planeta, inclusive no Brasil. Inusitadas são as palavras contundentes vindas de uma autoridade desse País oriental que até pouco tempo atrás era conhecido pelo culto à sapiência dos anciãos como uma tradição.
Na verdade o ministro revelou o ponto de vista dominante da nova ordem global: as sociedades devem servir ao processo de acumulação, concentração da riqueza, jamais o seu contrário, a riqueza produzida coletivamente deve ser revertida para o usufruto, melhorias das condições de vida das populações.
As grandes empresas transnacionais de previdência privada, que auferem lucros fabulosos, devem estar exultantes com a sentença de Taro Aso, uma peça destacada, entre muitas, dos sinais desses tempos e civilização impostos por essa ordem global totalitária.
E nunca será demais lembrarmos que durante a ascensão do nazismo os povos levantaram-se politicamente, e em armas, inclusive contra a tese de Hitler da "Solução Final", cuja essência era a "eliminação dos deficientes físicos, excepcionais, homossexuais, idosos e doentes terminais, raças impuras, judeus, ciganos, além de comunistas" etc.
Assim o que o Sr. Taro propôs foi uma espécie de economia da solução final pós-moderna: apressem-se a morrer todos os idosos para o bem das finanças e pronto. Sob o fastio, a indiferença da grande mídia hegemônica mundial como se ele tivesse aconselhado aos japoneses que plantassem mais rosas ou camélias nos jardins das suas residências.
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