O blog cumpre um dever de solidariedade com os prefeitos eleitos, seus secretários e, principalmente, as esposas e demais parentes de todos eles, inclusive eventuais crianças.
Eles merecem. Terão que encarar o grande programa de índio (com todo respeito aos índios) criado pela Constituição de 1988, que é tomar posse no dia 1º de janeiro, provavelmente pela manhã.
Francamente, isso não se faz.
Na noite do último dia do ano, a pessoa vai para o Réveillon e faz tudo que é de direito. O sujeito que se elegeu prefeito, esse então, tem todos os motivos para – desculpem a liberdade – enfiar o pé na jaca. Ele tem mais é que comemorar mesmo.
Poucas horas depois amanhece. A cidade inteira ainda dorme esplendidamente ou vai à praia para o primeiro banho refrescante do novo ano.
E Sua Futura Excelência, mal dormido, ressacado, sentindo na boca aquele gosto de madeira de corrimão do INSS, com todo o corpo e a alma implorando cama, rede, uma aguinha de coco na sombra de uma varanda – ele, o prefeito eleito, morrendo de sono, tem que vestir um terno, calçar sapatos, apertar uma gravata no pescoço e sair de casa já suando em bicas nesse calor medonho da disgrama dos infernos que anda fazendo em toda parte, e ainda pendurar um sorriso na cara.
Para quê? Para fazer e ouvir discursos!
Francamente, isso não se faz.
E as mulheres? Primeiras-damas municipais, mães de prefeitos e esposas de secretários que vão ser empossados, como fazer para tirar a maquiagem do Réveillon e botar outra por cima?
Encontrar um salão de cabeleireiro aberto na manhã do feriado de 1º de janeiro, é tarefa inglória.
E as crianças? Qual é a criança que vai aceitar passivamente a obrigação de vestir uma fatiota no feriado para ficar horas quieta dentro de um forno cheio de gente, ouvindo falatório?
Enfim. Uma administração que começa com uma chatura dessa dimensão tem tudo para não dar certo. Se dá certo é milagre, e estamos aqui tratando é da vida real.
Bastava uma correçãozinha de nada, uma emenda simples, transferindo a posse para 2 de janeiro. Não acontece nada mesmo no dia 1º, o prefeito que se despede também deve estar ressacado, não vai trabalhar no feriado, o mundo não vai mais acabar, então por que essa atribulação toda não pode esperar até o dia seguinte?
Tenham pressa, sim senhores, mas na hora certa, a bendita e saudável pressa para planejar, trabalhar, cuidar do povo, realizar o progresso de suas cidades e – vão desculpando mas é preciso lembrar – nunca roubar nem deixar roubar.
Feliz Ano Novo, saúde e sorte para todos, bom futuro para nossos municípios.
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