segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

JB NA HISTÓRIA


31 de dezembro de 1988: O trágico Reveillon do Bateau Mouche na Baia de Guanabara

Na noite do dia 31, a poucos minutos da virada do ano, o barco Bateau Mouche IV naufragou na Baia de Guanabara, a 700 metros da Praia Vermelha, matando 55 pessoas. Com excesso de peso e irregularidades que impediam o barco de fazer transporte de passageiros legalmente, o iate de empresários espanhóis, que anteriormente se chamava Boka Loka, dirigia-se à praia de Copacabana, a fim de levar um grupo de 150 pessoas ao show de fogos do réveillon.

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Em ligação para a esposa minutos antes de zarpar, o capitão do navio revelou que a viagem contrariava sua vontade, já que o barco estava com excesso de peso e o mar, muito revolto. No caminho para Copacabana, o Bateau Mouche chegou a ser parado pela guarda costeira, que logo liberou a embarcação após firmar um acordo com o responsável por ela. Além do excesso de peso, o barco tinha problemas no casco e nas bombas; uma laje construída em cima da cabine principal ainda deslocara o centro de gravidade do iate, desestabilizando seu centro de gravidade.

Em depoimento à Capitania dos Portos e à Polícia, a maioria dos sobreviventes atestou que suspeitava que o barco iria afundar, pouco depois de zarpar. Segundo testemunhas, minutos antes da meia noite, a água do mar já entrava no convés pelas privadas e por perfurações no casco. O pânico se instaurou.

- "Eu estava na parte de cima, onde não havia nenhum colete salva-vidas. Copos, pratos e garrafas começaram a cair. Tentei localizar minha esposa, que estava na parte de baixo, mas infelizmente não consegui. Do meu lado, uma senhora gritava por socorro. Tentei ajudá-la, mas, em poucos segundos, desapareceu na água "– relatou um sobrevivente, que perdeu a esposa na tragédia, embora tenha conseguido salvar os filhos.

Além de ser um ícone da imprudência e irresponsabilidade, o naufrágio do Bateau Mouche é também um símbolo da fragilidade do judiciário brasileiro. Foram necessários treze anos para que o Ministério Público Federal julgasse e condenasse os donos da embarcação por crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica e falsificação de documentos, totalizando 18 anos de prisão e multa de R$ 4 milhões aos cofres públicos. Antes do fim do processo, a pena dos acusados foi prescrita, permanecendo que todos estejam impunes até hoje. Além disso, das 40 ações movidas contra os responsáveis pela tragédia, apenas uma chegou ao fim.

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