segunda-feira, 29 de outubro de 2012

UM TEXTO DE VERA ROMARIZ


PEQUENO BILHETE AO NOVO PREFEITO
VERA ROMARIZ - professora universitária e escritora.

Há muitos anos (nem sei precisar quantos), publiquei uma crônica na Gazeta, alertando o recém-eleito governador Suruagy para o risco de escolher apenas figuras do meio político para cargos fundamentais. O título do texto era Assessores ou cortesãos?, e pensei em fazer este texto agora para o prefeito eleito Rui Palmeira. Mas o conteúdo é outro.

Sempre demonstrei certa inquietação com o nível de expectativa dos votantes em relação aos prefeitos: por vezes, o cidadão quer ver resolvida na prefeitura toda a problemática de uma cidade do Nordeste, com distribuição de rendabastante irregular, pouca industrialização, inúmeras carências.

Não se resolverá, obviamente. Mas o que eu, cidadã comum, classe média, espero de um prefeito recém-eleito? Pouco, porque nunca depositei esperanças gigantescas em administradores municipais.

Desejo apenas que seja um gestor decente e preocupado com a maioria carente da população dessa minha cidade cheia de encantos e problemas.

Que a população dos subúrbios, das favelas, dos que não podem pagar um plano de saúde nem escola particular, melhore substancialmente seu cotidiano. Por eles, envio, então, três modestos pontinhos como sugestão.

1) Maior acesso aos postos de saúde na periferia e mais leitos do SUS nos hospitais. 2) Melhor escola municipal, em qualidade e quantidade de profissionais, honestamente remunerados. 3) Mais creches públicas para que mulheres possam trabalhar dignamente, em paz.

Estou pressupondo, sem ser “Pollyana”, que as escolas, os postos e as creches serão limpos, medianamente equipados e geridos. São três pontinhos, a meu ver necessários, desejos modestos: melhorar a vida do habitante de nossa cidade, sobretudo daquele que vive em uma outra Maceió, a obscura, à margem dos bens culturais e econômicos.

Se sobrar um numerário, pequeno como este texto, melhore os pontos de ônibus, senhor prefeito; entristeço-me quando vejo trabalhadores em pé, no duro sol de verão de meio-dia, esperando o transporte. Implicância minha com o sol, coisa de sessentona. Mas só gosto dele quando estou na sombra.

Concluído o bilhete, faço uma constatação simples: pedi o que me pareceu essencial, apequenei meu sonho, porque pedir mais seria começar a escrever uma narrativa fantástica, prima do delírio e do improvável. E por que sonhamos tão pouco? 

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