segunda-feira, 29 de outubro de 2012

JB NA HISTÓRIA


28 de outubro de 1958: A eleição de João XXIII, o Papa Bondade



Com grande surpresa para si, o Cardeal-Patriarca de Veneza, Ângelo Giuseppe Roncalli, 76 anos, italiano da aldeia de Sotto il Monte, província de Bérgamo, foi eleito pelo Colégio de Cardeais chefe supremo da Igreja Católica, sucedendo o longo pontificado do papa Pio XII e adotando o nome de João XXIII. Depois de dois dias e meio de votações negativas, os 51 cardeais participantes do conclave chegaram a um acordo para eleger Papa um prelado de idade avançada que pertencesse ao chamado “Grupo Pastoral” da Igreja, opostp ao “Grupo Político”, que desejava um papa de impacto decisivo nos assuntos mundiais. O novo papa era membro do Colégio de Cardeais desde 1953 e era chamado por seus amigos de “Pastor Completo”, por sempre ver o lado bom das coisas, ser capaz de fazer amizades tanto com personalidades quanto com pessoas humildes e cuja porta estava sempre aberta “para qualquer pessoa, amigo, indiferente ou inimigo”.

Terceiro filho de uma humilde família de agricultores, Angelo Giuseppe Roncalli nasceu no dia 25 de novembro de 1881 e desde cedo foi muito devoto da Igreja Católica, o que o fez ingressar no Seminário de Bérgamo. Após vários anos de estudo, Roncalli foi ordenado sacerdote católico em Roma, em 1904. No ano seguinte, tornou-se secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria Tadeschi e, em 1915, quando a Itália entrou na Primeira Guerra Mundial, foi alistado como sargento do corpo médico.

Em 1925, o papa Pio XI nomeou Roncalli como Visitante Apostólico na Bulgária, elevando-o a Arcebispo da Sede titular de Areopolis e dando início a seus 25 anos como diplomata do Vaticano. Após passar pela Turquia e Grécia, foi nomeado, em 1944, Núncio Apostólico em Paris, num delicado momento marcado pelos turbulentos anos pós-guerra, quando os dirigentes franceses não haviam esquecido que o Vaticano mantivera relações como o governo do falecido Marechal Philippe Petain, julgado traidor durante a guerra. Apesar das dificuldades, os franceses foram desarmados com o bom humor bondoso e rápidas respostas de Roncalli, o que lhe garantiu uma carreira brilhante. Quando deixou o posto de Paris, em 1953, as relações entre o Vaticano e a França eram excelentes. No mesmo ano, foi nomeado Cardeal-Patriarca de Veneza.

O Papa Bondade
Quando Angelo Giuseppe Roncalli foi eleito papa, D. Helder Câmara fez uma previsão certeira a respeito de João XIII.

"Não é preciso ser profeta para afirmar que, em dois tempos, ele vai encantar a todos nas audiências coletivas", comentou.

De fato, apesar de ter tido um curto pontificado, que durou menos de cinco anos, João XXIII ainda hoje é tido como um dos mais populares e amados papas, não apenas na Igreja Católica, mas também entre os não católicos. Não a toa ele ficou conhecido como o Papa Bom ou Papa Bondade. Parte desse respeito foi fruto de seu espírito de tolerância e de ecumenismo, que se traduziu em suas tentativas de cooperação e diálogo com outras crenças e religiões, principalmente com os protestantes, ortodoxos, anglicanos e até os xintoístas. João XXIII faleceu no dia 3 de junho de 1963 e, na ocasião, a revista Times constatou que "poucos pontífices entusiasmaram assim tanto o mundo"

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