sábado, 29 de setembro de 2012

Famílias dizem que só saem à força da antiga Vila dos Pescadores



“Aqui eu nasci e me criei. Há cinco anos vivo neste local, fui criança, adolescente e me tornei adulta na Vila dos Pescadores. Foi neste mesmo ambiente que me casei e construí minha família. E é daqui, também, que tiro meu sustento. Só sairei da favela se for à força, obrigada pela Justiça”. A declaração de Lúcia Maria de Oliveira, pescadora que mora na Favela do Jaraguá há meio século demonstra o porquê da resistência de 37 famílias em deixar a antiga Vila dos Pescadores. 

Elas alegam que o local foi o ‘berço’ da maioria delas, que residir em frente ao mar facilita o trabalho da pesca e a comercialização dos frutos do mar e pedem para que a Prefeitura Municipal de Maceió se sensibilize com a comunidade e reurbanize o local. 

Lúcia Maria mora na Favela do Jaraguá com o marido, a filha e a mãe. Foi lá que ela deu os primeiros passos, cresceu, tornou-se pescadora e, até hoje, vê a mãe, aos 85 anos de idade, ainda sobrevivendo dos alimentos que o mar traz. 



“Os nativos verdadeiros, que nasceram neste lugar, estabeleceram uma relação de amor com a Vila. Tirar-nos daqui é como obrigar o índio a sair da sua tribo. Não é justo, não é certo. Aqui eu não tenho hora pra acordar, se tiver cliente cedinho para atender, eu levanto para fazer o serviço. Nos dias de sair para pescar, organizamos o barco e partimos para o alto-mar. No retorno, paramos na porta de casa. Este local me deu amigos verdadeiros, somos uma comunidade solidária. Existimos aqui desde quando não existiam barracos, eram apenas quatro chopanas de palha”, lembrou ela.

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