quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

JB NA HISTÓRIA


2 de fevereiro de 1997: Chico Science, ananauê

Recife trocou a euforia que tradicionalmente precede o carnaval pelo clima de quarta-feira de cinzas...
Adeus a Chico Science. Jornal do Brasil: 4 de fevereiro de 1997

Francisco de Assis França, o Chico Science, 30 anos, teve sua trajetória precocemente abortada ao morrer em um acidente de carro. O veículo que dirigia chocou-se contra um poste na rodovia Complexo de Salgadinho, a oito quilômetros da capital pernambucana.

Com nome de santo, Chico Science tornou-se profeta de uma nova miscigenação musical. Líder da banda Nação Zumbi, foi um dos mais conhecidos artista do movimento mangue bit – resultante da fusão dos ritmos tradicionais da cultura nordestina como o maracatu e o coco, com o rock e o reggae.


Outras efemérides de 2 de fevereiro
1970: Morre Bertrand Russell
1981: Peru e Equador aceitam cessar-fogo
1989: Golpe depõe Stroessner

Durante seu funeral, Chico ganhou uma emocionante homenagem do seu grande professor de cultura popular, o Mestre Salustiano. Líder doMaracatu Piaba de Ouro, um dos mais tradicionais de Recife, levou 12 cablocos do bloco, vestidos com seus mantos bordados e tocando as lanças - uma espécie de berimbau. Durante 15 minutos eles dançaram fazendo círculos em volta do corpo e das centenas de coroas enviadas por fãs e amigos. O público se amontoava e cantava as canções de Chico, como o Maracatu Atômico, um dos sucessos do cantor e de seu grupo.

"Ananauê, Chico"! gritavam. Estima-se que mais de dez mil pessoas tenham passado pelo Centro de Convenções do Recife para se despedir do músico.

O então governador Miguel Arraes decretou luto oficial por três dias. "Era um jovem que desapareceu bruscamente. Ele ainda tinha muito o que fazer, embora já tivesse feito muito", comentou. Mas a morte dele não ai acabar como movimento Mangue.

Este samba é misto de Maracatu
A fusão rock-raízes está no ar desde Jorge Benjor, consolidando-se na tropicália, no mineiro Clube da Esquina e no experimentador Jorge Mautner. Depois veio uma geração de nordestinos – de Alceu Valença e Belchior, a Novos Baianos, Fagner, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho. Quase duas décadas depois, despontava do Pernambuco, berço do maracatu, o movimento mangue bit, capitaneado pelos grupos Chico Sciense & Nação Zumbi e Mundo Livre S A que puseram a capital pernambucana de volta ao mapa cultural do país.

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