sábado, 25 de fevereiro de 2012

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA - Carlito Lima


AS CARIOCAS



- O que tem para se fazer nessa terra? Perguntou Adriana à amiga Rose enquanto enchia a xícara de café no hotel. Beto, ao lado, não perdeu a oportunidade, entrou na conversa das duas quarentonas, chiques e bonitas. 
                                                                                                                                                                   - Desculpe a intromissão, é que hoje, é o sábado do Pinto da Madrugada, o melhor bloco carnavalesco das Alagoas, muito animado, vale a pena dar uma olhada, daqui a pouco estará desfilando na orla uma multidão, quinze orquestras tocando frevo e marchinhas de antigos carnavais.


As cariocas se interessaram, agradeceram, pediram mais informações, Beto sentou-se junto a elas, era só o que queria. Depois que ele se aposentou e se separou leva a vida nos hotéis paquerando turistas maiores de trinta em busca de diversão e de alguma aventura fortuita
Elas curtiram o Bloco Pinto da Madrugada naquela bela manhã de fevereiro, dançaram, pularam, cantaram, ficaram encantadas com a animação, a organização, o frevo na rua, as marchinhas antigas cantadas pelo povo fantasiado ou simplesmente de bermudas. Acompanharam o bloco por mais de seis quilômetros, mais de três horas se divertindo, um carnaval inesperado.
 Eram quatro horas da tarde quando descansaram numa barraca tomando cerveja, uísque, assistindo passar as pecinhas, as rolinhas e outros blocos. Nessa altura, Dr. Evaldo, digno membro da Justiça Alagoana, sessentão aprumado, conquistador, leva a vida de solteiro embora seja casado há mais de 30 anos, solicitado pelo pareia, também fazia companhia às cariocas fascinadas pela orla, pela cor do mar e pelo carnaval repentino. Ao anoitecer foram se amar num luxuoso motel em Jacarecica. Sua Excelência convenceu a Rose a ficar para o carnaval. No domingo pegaram uma mesa na Barraca Pedra Virada assistindo o Bloco Vulcão passar arrastando uma multidão.
Durante a semana, sem a companhia do magistrado, conheceram o litoral norte, belíssimas praias, Paripueira, Tabuba, Japaratinga, dormiram numa pousada em Maragogi. Sem cerimônia Beto cumpriu a obrigação noturna com as cariocas, a “ménage à trois” teve ajuda da pílula azul.

 Continuando a semana, viajaram pelo litoral sul. Na praia do Miaí, Beto fez de estrada a areia extensa e dura, tendo ao lado um mar azul que não tem tamanho, do outro lado um belo e altivo coqueiral, seguiram em frente até a praia do Pontal do Peba, a foz do São Francisco, onde almoçaram uma bela peixada. Dormiram na cidade histórica de Penedo, as cariocas fascinadas com o folclore carnavalesco e com a bela, bucólica e colonial cidade patrimônio do Brasil.

Afinal chegou o carnaval. Beto conseguiu fantasias, os três desfilaram no sábado pela Escola de Samba Gaviões da Pajuçara, cariocas nunca tinham desfilado pelas exuberantes e ricas escolas do Rio do Janeiro, pela primeira vez estavam sambando numa escola, em Maceió, onde elas nunca imaginaram que havia escolas de samba. As moças se encantaram com os sambistas, as alegorias, nunca iguais às escolas do Rio de Janeiro é verdade, mas a animação era a mesma, ou até melhor, um desfile brilhante. Sua Excelência, do palanque das autoridades acenou às meninas sambando na pista. Foi de muita empolgação e emoção até o término da passarela, sua escola foi a última. Depois do desfile, os três aceitaram o convite para terminar a noitada no baile de carnaval do Jaraguá Tênis Clube. Orquestra de frevo, muita animação, brincaram até o dia amanhecer. Beto dormiu entre as duas. O restante do carnaval foi dividido, toda noite não perdiam entrar no frevo da Praça Moleque Namorador se misturando com o povão animado, pela manhã e pela tarde optaram pela bela e histórica cidade de Marechal Deodoro, 28 km de Maceió, onde pularam ao som de orquestras de frevo nas praias do Francês, Barra Nova e o Centro Histórico. Na quarta-feira de cinzas as cariocas ainda acompanharam o tradicional Bloco dos Garçons em Marechal.

Era quinta-feira pela manhã quando as duas cariocas no aeroporto se despediram do eficiente cicerone, prometendo um dia voltar, certeza no próximo carnaval. Beto ao chegar em casa, anotou no caderninho, nome, endereço e telefone, as cariocas Adriana e Rose, eram as 114ª e 115ª “namoradas” depois da separação.

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