AS FOLIÃS DO NINHO DO
PINTO
Ao ouvir a notícia na
televisão, Rosana telefonou para amiga.
– “Neguinha estou vendo no programa do
Canetinha, amanhã tem abertura do carnaval em Marechal, vai bombar, três
orquestras acompanhando o Bloco Pinto da Madrugada, seremos duas turistas se
divertindo em busca de aventuras.”
– “Estou nessa, vamos logo cedo.” Disse
Vanessa com alegria. As duas
são amigas há alguns anos, trabalham juntas, almas gêmeas, moças alegres gostam
da balada e de carnaval. Sábado pela manhã vestiram short curto, camisa
frouxa, o colar havaiano dava o tom carnavalesco, tomaram um ônibus enfrentando
30 km até Marechal. Ao desembarcar na cidade colonial ficaram encantadas com a
nova urbanização da orla lagunar. A lagoa Manguaba embelezava o cenário bucólico
da cidade histórica de Marechal Deodoro. Tomaram uma mesa numa barraca da orla
observando o povo chegando à concentração da festa no cais das lanchas. Apareciam
crianças, jovens e adultos fantasiados, orquestra tocando frevo, aguardavam a
chegada triunfal e anunciada do Pinto em uma embarcação. As
amigas estavam maravilhadas com a alegria, o colorido, o ambiente naquela
belíssima orla. Em pouco tempo estava repleta, uma multidão curtindo a festa ao
som do frevo e de marchinhas antigas, esperando o Pinto.
De repente avistou-se
no horizonte da lagoa um barco, avisaram: “Lá vem o Pinto!” A embarcação cada
vez mais se achegava, até que deu para notar dentro da escuna foliões fantasiados
dançando ao som de uma orquestra de frevo, na proa do barco havia um ninho com
um vulto amarelo, ao se aproximar foi reconhecido, era um anão fantasiado de
pinto, o Cicinho, assessor do prefeito, acenava entusiasmado e bem humorado
para a multidão em terra.
A comitiva foi
recebida no cais pela diretoria do Bloco Pinto da Madrugada devidamente paramentada.
A descida foi de uma alegria contagiante, o pinto (anão) desembarcou, da sacada
do cais fez uma saudação ao público, logo depois se aboletou em um ninho numa
caminhonete. Naquele momento nascia o mais novo bloco afilhado do Pinto da Madrugada,
o “Bloco Ninho do Pinto” de Marechal Deodoro. As orquestras arrocharam no
frevo, a multidão atrás dançava e cantava, descendo e subindo ladeiras pelo
Centro Histórico da cidade, com os estandartes no ar, muita fantasia e muita
animação.
As meninas estavam extasiadas,
não esperavam tanta beleza naquela cidade colonial de arquitetura barroca,
cheia de igrejas. As ruas estreitas enladeiradas davam o toque de romantismo naquele
dia de festa. Nossas amigas paqueravam os homens com sorrisos e cantando
marchinhas. De repente alguém estendeu uma latinha de cerveja para Vanessa, ela
tomou um gole, devolveu ao galanteador, um folião alto, ela falou para Rosana,
“homem bonito, parece o Collor”. Ele se
ajuntou abraçando as duas, dançando até o Largo da Matriz, as orquestras continuavam,
outro amigo encostou-se, conversaram, beberam, retornaram ao frevo descendo
ladeiras.
A festa terminou por
volta das cinco da tarde, os quatros foliões bebiam no Bar do Louro na orla,
conversavam se divertiam quando o amigo fez o convite sem cerimônia, “que tal
tirar o calor em uma piscina?” Elas não se fizeram de rogadas, em pouco tempo estavam
na suíte presidencial, uma bela piscina no centro do jardim, arrodeada de um gramado
bem tratado. Os dois casais ficaram até as nove horas da noite bebendo, conversaram
muito. Com as músicas de carnaval ainda nos ouvido se amaram. Vanessa estava extasiada
com a tarde de amor do novo, bonito e alto namorado. O assunto constante era o
grande sucesso da festa do Bloco Ninho do Pinto, a alegria e bom humor do
carnaval de Marechal.
Ao deixar as foliãs no
apartamento de Rosana no bairro do Farol fizeram planos para o desfile do Pinto
da Madrugada em Maceió e o carnaval em Marechal. Vanessa se despediu sorrindo: “Que
dia fantástico, jamais me esquecerei da lagoa, do barco aportando, do Ninho do
Pinto, e do pinto.”
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