29 de setembro de 1908 - Morre Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, nesta cidade. De origem humilde, neto de escravos alforriados, filho de um pintor de paredes e de uma lavadeira portuguesa, o escritor soube vencer dificuldades de toda ordem até tornar-se um dos mais respeitados nomes da nossa literatura. Autodidata por necessidade e aptidão, aos 16 anos publicou o seu primeiro trabalho literário, e conquistou o seu primeiro emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. No ano seguinte começou a escrever durante o tempo livre. Seu primeiro romance, Ressureição, foi lançado em 1872.
Machado de Assis foi um autor singular no panorama literário do seu tempo. Primou pelo uso essencial das palavras para exprimir seu pensamento. Usou intensamente recursos de metalinguagem e envolveu a participação do leitor em suas narrativas. Exercitou a ironia e o sarcasmo como ferramentas de crítica social.
O conjunto de sua obra retrata a coexistência do amor e do ciúme, da verdade e da mentira, do ser e do parecer. Chama a atenção para a ambiguidade e as sutilezas emocionais dos seus personagens, e para as mazelas da sociedade do seu tempo. A sua obra mantém-se tão atual e tão influente quanto há um século atrás. Desde sempre revisitado por gerações, os estudos de sua obra são incontáveis. Jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e dramaturgo, foi fundador Academia Brasileira de Letras, instituição que presidiu de 28 de janeiro de 1879 até o fim da vida.
Quem respirava de perto
O enterro do insigne homem de letras,Machado de Assis, foi velado por amigos do timbre de Euclides da Cunha, Mário de Alencar, José Veríssimo, Raimundo Correia e todos os colegas da ABL.
Rui Barbosa, com sentimento e eloqüência, fez o discurso de despedida:"Designou-me a Academia Brasileira de Letras para vir trazer no amigo que de nós aqui se despede.(...) Não é o clássico da língua; não é o mestre da frase; não é o árbitro das letras; não é o filósofo do romance; não é o mágico do conto; não é o joalheiro do verso, o exemplar sem rival entre os contemporâneos, da elegância e da graça, do aticismo e da singeleza no conceber e no dizer: é o que soube viver intensamente da arte, sem deixar de ser bom. (...)"
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