A carne é fraca e o espírito vacilante
Ronald Mendonça
médico
Se mal me engano, a assertiva está presente em diferentes autores bíblicos (João, Mateus, Paulo e certamente outros). Monsenhor Luiz, de Arapiraca, também a utilizou publicamente, justamente na ocasião do circo montado pelo senador evangélico Magno Malta. Como se sabe, o nobre senador, presidente de uma comissão que investigava a abominável pedofilia, ao interrogar o religioso teria como precípua intenção desmoralizar de vez o catolicismo. Pelos excessos, Malta levaria algumas lamboradas do ínclito Antonio Sapucaia.
A grande verdade é que Deus – para os que crêem – é o último refúgio, o precioso aprisco de que nos fala a parábola do bom pastor. O Brasil vive esse momento lindo de humildade e contrição. É um velho filme, dirão os incréus. A sensação, no entanto é diferente. Temos tudo para dar certo, sobretudo pelo fato de a nossa proverbial religiosidade ter alcançado tão alta voltagem.
Maior país católico do mundo, no centro do poder está uma senhora profundamente espiritualizada (consta, desde a campanha quando foi taxada pela imprensa burguesa, hegemônica e golpista de ateia), característica que teria alcançado seu paroxismo durante o tratamento quimioterápico. O piedoso Frei Betto Libânio teria sido o avalista da conversão, a segura ponte entre o Criador e a novel serva.
A verdade é que, segundo se comenta, o pio Gilberto Carvalho tem comandado sessões de oração no Planalto. Regados a ressonantes cantos gregorianos, terços teem sido rezados na tentativa de aplacar a ira do Senhor, salvar do inferno a alma de Palocci, além do pomposo cargo.
Sim, porque o trotskista Antonio Palocci teria ofendido a Deus e às torcidas do Flamengo e do Corinthians, ao ser beneficiário de um frutuoso esquema de enriquecimento agudo e mal explicado. Como qualquer reles burguesinho, investiu milhões em apartamento de luxo em bairro nobre - reduto tucano, é bom que se diga - e sonho de consumo da decadente e hipócrita burguesia paulistana.
Queimado até pela ala dos petistas invejosos (que não tiveram as mesmas chances), haveria indícios de arrependimento no novo rico. Dentre outras demonstrações, fala-se em renúncia e venda dos bens suspeitos. O apurado serviria para ajudar o grande blefe nacional chamado SUS.
Por falar de SUS, a eleição para reitor da Ufal chegou na última reta. Há um quê de irônica e zombeteira na aposta no SUS como tábua de salvação do HU e, por tabela, da própria Ufal. Pobre HU, pobre Ufal, pobres nós.
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