terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O ESTADÃO - VIAGEM: CABO VERDE

Jair Rattner / CABO VERDE, ESPECIAL PARA O ESTADO
Um pedaço da história do Brasil repousa, esquecido, do outro lado do Atlântico. Durante quase 150 anos, desde a época dos grandes descobrimentos portugueses, Cabo Verde foi o centro por onde passava o comércio entre as colônias lusas nas Américas, na África e na Ásia.
O núcleo da vida então era Ribeira Grande, na Ilha de Santiago, hoje conhecida como Cidade Velha. Criada em 1462, tornou-se ponto de parada obrigatório na rota entre Brasil e Europa. Tamanha sua importância, a capitania hereditária foi elevada oficialmente à cidade em 1533, quando virou também sede do bispado.
A memória dos tempos áureos segue de pé. A Cidade Velha, hoje com menos de 3 mil habitantes, tem status de Patrimônio da Humanidade da Unesco. Caminhando pelas ruas centenárias, nas quais muitas casas começam a ser reconstruídas, a mente imagina como seria a rotina na antiga Ribeira Grande. Sempre movimentada, a ilha era o centro do tráfico de escravos entre África e Américas e também de prata, das Américas para a Europa.
As terras férteis do vale eram usadas pelos portugueses como laboratório de plantas, antes que fossem transferidas para as colônias. Pela Ilha de Santiago - uma das nove que compõem o arquipélago de Cabo Verde - passaram coqueiros, mangueiras e tamarindos vindos das Índias, hoje espalhados pelo Brasil. Lá foram plantados mandioca, milho e inhame antes de seguirem para a África e a Europa. E os primeiros bois, cavalos e cabras que chegaram ao Nordeste brasileiro passaram antes por Cabo Verde.

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