domingo, 15 de dezembro de 2019

OPINIÃO DO GENERAL FELÍCIO.

A CHANTAGEM NUCLEAR E OS PACIFISTAS

Não resta dúvida que uma Política Externa, fundamentada em Diplomacia respaldada pelo poderio militar, inclusive pelo nuclear, se caracteriza, muitas vezes, pela hipocrisia e desfaçatez com que os principais atores agem na arena internacional. Nessas ocasiões, o realismo político sobrepuja o idealismo e pacifismo tão decantados por aqueles que não enxergam o mundo como realmente o é. Pleno de conflitos violentos, sendo a paz mundial resultante muito mais da estratégia denominada “paralisia pelo terror”.
Na maioria dos conflitos em que estejam em jogo os interesses nacionais das grandes potenciais nuclerares, o objetivo primordial é a busca da prevalência dos seus interesses, a qualquer custo, mesmo que isso represente o uso da mentira, a manipulação dos fatos, a retaliação econômico-financeira, a indiferença para com a maioria da opinião pública mundial ou ainda a ameaça ou, propriamente, o uso do seu poderio militar, não descartando o nuclear. Poderíamos resumir de forma banal e bastante trivial : independentemente das circunstàncias, manda quem pode, obedece quem deve !
A História recente, tem demonstrado sobejamente a afirmativa acima. Vide a invasão do Iraque tendo como motivo o impedimento do falso uso, por aquele País, de armas de destruição em massa e a “necessidade” de implantar-se a Democracia na Região. Hoje, comprovadamente, sabe-se que o Presidente norte-americano mentiu, seus auxiliares manipularam fatos existentes ou inexistentes e, respaldados em mentiras, ocuparam o Iraque, mataram milhares de soldados e de civis iraquianos e, também, expuseram mazelas de suas ações como a tortura indiscriminada de prisioneiros,
Hoje, temos um pântano traiçoeiro, um país semi-destruído, para o qual prometeram a reconstrução. Nativos, civis curdos, xiitas e sunitas e outros, vivem em complexa situação, temperada pelo ódio ao estrangeiro, por ódios raciais e religiosos, milenares, longe da paz e da Democracia prometida.
Convulsionaram violentamente, ainda mais, o Oriente Médio, propiciando o espalhar do terrorismo por quase todo o mundo. Buscaram, em verdade, não a Democracia ou a destruição de armas nucleares, químicas e biológicas, mas o controle geo-estratégico da Região, riquíssima em Petróleo e gás, fatores de poder econômico e militar.
Os amantes do Direito Internacional e os contrários ao Poder Militar acham absurdo como um País que se diz o defensor da Democracia, da Liberdade, da Justiça, do Direito, em todas as suas formas, se outorga, tiranicamente, impor ao resto do mundo o que é certo ou errado, o que pode ou não pode um dado país fazer. Que regime político, forma de governo ou costumes adotar, que religião professar, que valores privilegiar e, ao mesmo tempo, relacionar-se com outros países, com poder nuclear militar, diferentemente, isto é, com respeito às suas soberanias respectivas, mesmo com os governos ditadoriais !
Entretanto, mantendo a mesma linha de Política Externa, com ameaças que incluem o uso da força, se volta o governo Trump contra o Irã. Este incrementa o domínio do enriquecimento do urânio, embora sendo partícipe do TNP, podendo se tornar um país com poder nuclear. Importante ator na Região, vizinho do Iraque, população persa, mas de religião predominantemente xiita, estado teocrático, antagoniza, fortemente, a influência norte-americana, tendo linha de conduta independente de qualquer alinhamento externo. Isto é, sem qualquer submissão.
Russos e Chineses atuam, de forma similar, em menor escala, também, em atenção aos seus interesses nacionais. Embora, longe de seus domínios, já se fazem presentes, aqui na América Latina, ostensivamente, a contragosto dos americanos e do “Grupo de Lima”. Apoiando Maduro na Venezuela, incluso militarmente, na fronteira com o Brasil e com outros países. Como os chineses em grande base na Argentina. Os russos, também, anexaram a Região da Criméia e estão envolvidos intensamente no conflito Sírio bem como os chineses em territórios adjacentes e, atualmente, também em Hong Kong e Taiwan.
Pensam os caolhos pacifistas: No caso do enriquecimento do urânio, não seria muito mais correto e democrático o estabelecimento, sob a égide da ONU, de um tratado que desnuclearizasse completamente e militarmente todas as nações do mundo, incluso as já nuclearizadas, evitando a chantagem nuclear em dadas situações de conflitos de interesses ?
Esquecem, entretanto, que a realidade política prevalece e quem tem o poder e capacidade de dominar e influenciar, como os USA, não aceitaria, como não aceitam, qualquer outra coisa que lhes possa trazer prejuízos ou diminuição de poder.
Carregam, os atuais governantes brasileiros, imensa responsabilidade pela sustentação de decisões diplomáticas garantidoras da Segurança externa do Brasil, respondendo aos interesses nacionais, interna e externamente. Há a enfatizar as inúmeras riquezas de que dispomos, dentre elas a Floresta Amazônica com toda a sua biodiversidade, as notáveis riquezas minerais, território com abundância de água, extensas terras agricultáveis, combustíveis de fontes renováveis, campos de petróleo em alto mar, etc... e que já são e serão, cada vez mais, comprovadamente, motivo de cobiça internacional, num mundo violento de recursos mais e mais escassos
Talvez a resposta, segundo aguda visão estratégica, vinda da cultura futebolística seja a seguinte: “Quem não faz, toma.” (Autor : Neném Prancha, antigo técnico de futebol de areia, famoso por suas tiradas ).

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