Depois de mais de 30 anos de Rede Globo, o ator Pedro Cardoso deixou a emissora no final de 2014. O ano marcou o encerramento, depois de 14 temporadas, da série "A Grande Família", na qual interpretou o inesquecível Agostinho Carrara. Também será lembrado por ele como o de uma experiência traumática, o quadro "Uãnuêi", interrompido pelo "Fantástico" depois de apenas quatro episódios (de um total de dez).
Pedro Cardoso está, no momento, em cartaz com uma peça muito elogiada, "O Homem Primitivo", na qual divide autoria, direção e o palco com sua mulher, Graziella Moretto. Esta semana, encerra-se, com casa lotada, a temporada paulistana, no Teatro Frei Caneca, e na próxima semana tem início no Rio, no Teatro das Artes.
O ator foi o convidado desta semana do "UOL Vê TV". Na conversa, realizada na tarde de terça-feira (28), ele fala bastante sobre como vê a televisão brasileira hoje – "acovardada e conservadora".
Conta que, ao final de "A Grande Família" não recebeu nenhuma oferta da Globo para desenvolver algum projeto seu. Nem sentiu qualquer interesse da emissora para que apresentasse alguma ideia. "Com a trajetória que tive na TV Globo, e com o sucesso que 'A Grande Família' teve, eu imaginava que a emissora me ofereceria a oportunidade de desenvolver um projeto que fosse meu. 'A Grande Família' era um projeto coletivo. Isso não foi oferecido a nenhum de nós", diz.
"O petróleo da comunicação social, em teledramaturgia, é o ator. É o ator que dá cara ao trabalho de todos. Isso confere ao ator um poder incomensurável. Ninguém sabe, na verdade, quem é o diretor ou o autor da 'Grande Família', embora eles fossem tão importantes quanto nós. A empresa, e não só a Globo, todas, o que fazem? Negam poder ao ator. Os atores ficam esperando ser convidados. A Globo não é sensível a nenhum movimento feito por um ator", justifica. "Preferem atores que já entraram no mercado tendo abdicado de antemão da sua autoria."
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