Sebastião Nery
UM PAÍS APODRECIDO
A renda dos mais ricos cresceu na velocidade da Fórmula 1. O Brasil tem 50% do seu PIB nas mãos de 10% da população
O sistema tributário é algoz
de quem trabalha e produz
Rio, RJ – Éramos quase crianças, 19 anos. Eu, professor de latim e português. Ele, professor de matemática e ginástica. No ginásio de Pedra Azul, lá no infinito e saudoso norte de Minas.Os outros professores tínhamos inveja dele. Era o único que via as pernas das meninas da cidade. Não havia praia nem piscina. Nas aulas de ginástica, as alunas usavam short. João Bênio era um Salomão, naquela Jerusalém de virtudes.
Um dia, fomos embora. De quando em vez, tinha notícias dele. Ator, correu o País fazendo As Mãos de Eurídice, de Pedro Bloch. Depois, foi para o cinema. Terminou diretor e produtor, fazendo sucesso e dinheiro.
Naquela tarde, seis anos depois, nos encontramos numa esquina de Zurique (Suíça), a caminho do “Festival Mundial da Juventude” de Moscou. Com champanha, celebramos nossa vitória sobre aquele pequeno mundo que nos quis segurar para vereador e delegado, prefeito e marido.
O trem até Praga e Moscou saía às 10 horas. Resolvemos comprar máquinas fotográficas, com os preços menores da Europa. Chovia uma chuvinha fina, magra e feia, subdesenvolvida, poça na rua, pingo na cabeça. Os carros passavam ordeiros no asfalto, sem contramão e sem buzina.
Encostados na vitrina de uma loja ainda fechada, doídos de frio, esperávamos. Aquelas mulheres feias, cheias de luvas e capotes, pisando ligeiro o passeio molhado, brancas, branquelas, pernas finas e cara gorda, davam-nos saudade do Rio. João Bênio dizia besteiras. Cada uma que passava, um comentário. E as mulheres feias seguindo para o trabalho.
De repente, aponta uma linda. Alta, loura, rosto fino, andar esguio, parecia uma potranca árabe pisando aqueles passeios arrumadinhos. Vinha acompanhada de um homem muito alto, quase dois metros. Quando chegaram perto, bem em frente a nós, João Bênio não se conteve:
– Nesta eu dava uma dentada no pescoço.
O homem alto, muito alto, forte, muito forte, virou nos calcanhares, pôs o dedo bem no nariz de nós dois e grunhiu:
– Morder pescoço puta “parrriu”. “Trrrês anos Santa “Catarrrrina!”
A loja abriu. Pulamos dentro. E compramos nossas “Rolleiflex ”.
Não é preciso ter vivido três anos em Santa Catarina para saber que o pais está apodrecido. Cada dia um novo escândalo. Agora, na Receita, um rombo de 19 bilhões: HSBC, Santander, os grande bancos, todos bandidos.
==========
GARCIA MARQUEZ
Quando chegamos a Moscou, no Hotel Zariá, ao lado da Universidade dos Povos (hoje Lumumba), os brasileiros logo conhecemos um jornalista colombiano, estudante de cinema, 30 anos, exilado em Paris:
– Na Colômbia está tudo tão ruim que onde se encosta o dedo sai pus.
Era Gabriel García Marquez. Meio século depois, o Brasil igual.
DILMA
A recente pesquisa do “Instituto Data Folha” sobre o governo Dilma chega a ser surrealista quando analisa as diferentes regiões do País. Consideram o governo “ruim e péssimo”, no Sudeste, 66%. No Sul, 64%; No Centro-oeste, 75%. No Norte, 51%. No Nordeste, 55%.
Há 15 meses, em novembro de 2013, o “ruim e péssimo” do governo era de 22% no Sudeste, 20% no Sul, 17% no Centro-Oeste, 10% no Norte, e 11% no Nordeste. A “marola” da insatisfação com o governo Dilma transformou-se em um gigante “tsunami” indonésio.
RENDA E IMPOSTO
Por que essa violenta repugnância diante do governo?
1- A renda dos mais ricos cresceu na velocidade da Fórmula 1. O Brasil tem 50% do seu PIB nas mãos de 10% da população.
2- Nossa distribuição de renda é selvagemente desigual e a política tributária é confiscadora da renda da maioria da sociedade.
3- Vejam no Imposto de Renda. O contribuinte que ganha mais de R$ 5.000,00 tem a alíquota de 27%. Quem ganha R$ 50.000,00 ou R$ 300.000,00 por mês, tem a mesma alíquota. O sistema tributário é algoz de quem trabalha e produz. E o governo do PT escorchando
quem trabalha.
JANIO DE FREITAS (FOLHA)
– “Se Joaquim Levy não sabe de onde tirar os R$ 3 bilhões” que o governo deixará de receber se encerrada a agiotagem oficial, basta-lhe dar uma olhada no imposto cobrado à especulação financeira e às remessas de lucros – aliás não precisa olhar, porque sabe muito bem e dá a sua proteção”.
A renda dos mais ricos cresceu na velocidade da Fórmula 1. O Brasil tem 50% do seu PIB nas mãos de 10% da população
O sistema tributário é algoz
de quem trabalha e produz
Rio, RJ – Éramos quase crianças, 19 anos. Eu, professor de latim e português. Ele, professor de matemática e ginástica. No ginásio de Pedra Azul, lá no infinito e saudoso norte de Minas.Os outros professores tínhamos inveja dele. Era o único que via as pernas das meninas da cidade. Não havia praia nem piscina. Nas aulas de ginástica, as alunas usavam short. João Bênio era um Salomão, naquela Jerusalém de virtudes.
Um dia, fomos embora. De quando em vez, tinha notícias dele. Ator, correu o País fazendo As Mãos de Eurídice, de Pedro Bloch. Depois, foi para o cinema. Terminou diretor e produtor, fazendo sucesso e dinheiro.
Naquela tarde, seis anos depois, nos encontramos numa esquina de Zurique (Suíça), a caminho do “Festival Mundial da Juventude” de Moscou. Com champanha, celebramos nossa vitória sobre aquele pequeno mundo que nos quis segurar para vereador e delegado, prefeito e marido.
O trem até Praga e Moscou saía às 10 horas. Resolvemos comprar máquinas fotográficas, com os preços menores da Europa. Chovia uma chuvinha fina, magra e feia, subdesenvolvida, poça na rua, pingo na cabeça. Os carros passavam ordeiros no asfalto, sem contramão e sem buzina.
Encostados na vitrina de uma loja ainda fechada, doídos de frio, esperávamos. Aquelas mulheres feias, cheias de luvas e capotes, pisando ligeiro o passeio molhado, brancas, branquelas, pernas finas e cara gorda, davam-nos saudade do Rio. João Bênio dizia besteiras. Cada uma que passava, um comentário. E as mulheres feias seguindo para o trabalho.
De repente, aponta uma linda. Alta, loura, rosto fino, andar esguio, parecia uma potranca árabe pisando aqueles passeios arrumadinhos. Vinha acompanhada de um homem muito alto, quase dois metros. Quando chegaram perto, bem em frente a nós, João Bênio não se conteve:
– Nesta eu dava uma dentada no pescoço.
O homem alto, muito alto, forte, muito forte, virou nos calcanhares, pôs o dedo bem no nariz de nós dois e grunhiu:
– Morder pescoço puta “parrriu”. “Trrrês anos Santa “Catarrrrina!”
A loja abriu. Pulamos dentro. E compramos nossas “Rolleiflex ”.
Não é preciso ter vivido três anos em Santa Catarina para saber que o pais está apodrecido. Cada dia um novo escândalo. Agora, na Receita, um rombo de 19 bilhões: HSBC, Santander, os grande bancos, todos bandidos.
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GARCIA MARQUEZ
Quando chegamos a Moscou, no Hotel Zariá, ao lado da Universidade dos Povos (hoje Lumumba), os brasileiros logo conhecemos um jornalista colombiano, estudante de cinema, 30 anos, exilado em Paris:
– Na Colômbia está tudo tão ruim que onde se encosta o dedo sai pus.
Era Gabriel García Marquez. Meio século depois, o Brasil igual.
DILMA
A recente pesquisa do “Instituto Data Folha” sobre o governo Dilma chega a ser surrealista quando analisa as diferentes regiões do País. Consideram o governo “ruim e péssimo”, no Sudeste, 66%. No Sul, 64%; No Centro-oeste, 75%. No Norte, 51%. No Nordeste, 55%.
Há 15 meses, em novembro de 2013, o “ruim e péssimo” do governo era de 22% no Sudeste, 20% no Sul, 17% no Centro-Oeste, 10% no Norte, e 11% no Nordeste. A “marola” da insatisfação com o governo Dilma transformou-se em um gigante “tsunami” indonésio.
RENDA E IMPOSTO
Por que essa violenta repugnância diante do governo?
1- A renda dos mais ricos cresceu na velocidade da Fórmula 1. O Brasil tem 50% do seu PIB nas mãos de 10% da população.
2- Nossa distribuição de renda é selvagemente desigual e a política tributária é confiscadora da renda da maioria da sociedade.
3- Vejam no Imposto de Renda. O contribuinte que ganha mais de R$ 5.000,00 tem a alíquota de 27%. Quem ganha R$ 50.000,00 ou R$ 300.000,00 por mês, tem a mesma alíquota. O sistema tributário é algoz de quem trabalha e produz. E o governo do PT escorchando
quem trabalha.
JANIO DE FREITAS (FOLHA)
– “Se Joaquim Levy não sabe de onde tirar os R$ 3 bilhões” que o governo deixará de receber se encerrada a agiotagem oficial, basta-lhe dar uma olhada no imposto cobrado à especulação financeira e às remessas de lucros – aliás não precisa olhar, porque sabe muito bem e dá a sua proteção”.
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