sábado, 28 de março de 2015

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA - GAZETA DE ALAGOAS

VIDAS QUE SE VÃO
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Antigo pensador francês, Bichat definia a vida “como um conjunto de funções que resistem â morte”. Tento achar no cientista uma justificativa para continuar a pensar que o atual governo não está morto.

Há muitas coisas (ou funções) que estão funcionando. Nesta quinta-feira, por exemplo, nossa funcionária não compareceu ao trabalho. O motivo não poderia ser mais justo: foi receber o bolsa família.

Ouço dizer que nossa presidenta anda chateada. A perda do prestígio com o eleitorado seria uma das causas. É muito triste para um povo ter uma dirigente de mal com a vida. Ela é a peça fundamental para que o país siga no seu destino. Pessoalmente, não me sentiria seguro se estivesse num ônibus, em tenebrosa noite sem luar, estrada estreita, descendo uma serra íngreme, tendo no volante alguém inabilitado sujeito a variações de humor. Digamos, um bipolar ao volante. Inexperiente, arrogante, descuidado e com catarata em ambos os olhos.

O pior de tudo é a corda que ela recebe dos puxa-sacos. Num infeliz rasgo de peleguismo explícito, alguém a qualificou de “mulher honrada e corajosa”. E é justamente nessa hora que o bicho pega. Consta que madame odeia ser chamada de honrada. Ela veria nisso uma ironia, um sarcasmo, no mínimo mal-intencionado. “Mulher honrada” seria elogio, segundo ela, para “rapariga de bicheiro”.

Não obstante, nossa presidenta gosta de elogios. Machado de Assis, por sinal, dizia que “as melhores digestões da minha vida ocorreram depois de jantares em que eu fui homenageado”. Por isso, quem quiser que D. Dilma tenha uma boa evacuação não tenha medo de dizer que ela pertence a um partido da Ética e da Moral. Aquele que não rouba, nem deixa roubar.

Falo de cadáveres e lembro que Alagoas perdeu, esta semana, Divaldo Suruagy e Venúzia Melo. Nunca votei no Divaldo, mas sempre o admirei, sobretudo pela tolerabilidade. Nos últimos anos nos aproximamos na Academia de Letras e no meu consultório. Conheci melhor uma pessoa que exalava humildade. Parecia pedir desculpas por ter sido tão poderoso.

Dona Venúzia Melo foi a grande difusora das artes musicais no nosso estado. Convivi com ela na Sobrames. Arrependo-me, hoje, de não lhe ter dito o que vou dizer agora: eu seria um ser humano muito menos ruim se tivesse sido seu aluno no Conservatório.

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