sábado, 28 de março de 2015

DESERÇÃO DO PMDB PARALISA GOVERNO - UM TEXTO DE BRENO ALTMAN

Há poucas dúvidas sobre qual a marca da atual situação política: está em curso impetuosa ofensiva conservadora, destinada a recuperar o governo nacional e a reverter políticas públicas implementadas desde 2003.
Não se trata apenas da direita extrainstitucional e dos partidos de oposição, que se lançam contra o mandato conquistado nas urnas pela presidente Dilma Rousseff e ameaçam a ordem constitucional.
Também forças supostamente aliadas, particularmente o PMDB, a partir do parlamento, operam para debilitar a governante suprema, aprovar reformas de caráter reacionário e impedir medidas de conteúdo progressista.
Além de decisões fiscais corrosivas da autoridade presidencial, a pauta de projetos e emendas constitucionais manifesta objetivos antidemocráticos, regressão em direitos civis e supressão de conquistas trabalhistas.
Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, trabalham dia e noite para consolidar agenda que costure novo bloco oligárquico, capaz de emparedar a chefe de Estado e desidratar sua liderança, ao mesmo tempo que transforma o PT em bagaço político.
Ambos personagens, com a corda no pescoço por conta da Operação Lava Jato, reagiram de maneira oposta à intimidação que tomou conta de hostes petistas: estabelecem compromissos de classe e buscam tornar indispensável sua serventia para desconstituir a esquerda como coalizão dirigente.
O PMDB provavelmente aprovará as propostas de ajuste fiscal, pois correspondem a interesses do capital financeiro, mas tentará ser o mediador de certa flexibilização, jogando no colo do governo e do petismo o desgaste pela defesa intransigente de providências antipopulares.
O aparente populismo no trato do pacote apresentado por Levy, no entanto, está casado com legislação que pode, entre outros retrocessos, sacramentar o financiamento empresarial na reforma política, consolidar draconiano código antiterrorista, alterar normas para indicação de ministros do STF e agências reguladoras, derrubar limites para a terceirização do trabalho e reduzir a maioridade penal.
De quebra, o PMDB se compõe com o PSDB para controlar a CPI da Petrobrás e direcioná-la, em conluio com a mídia privada, contra o Palácio do Planalto.

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