sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA

DEUS É CUBANO
RONALD MENDONÇA
MÉDICO. MEMBRO DA AAL

Louvo o esforço de articulistas para esconder o “cadáver moral” em que se transformou a agremiação que está no poder há mais de 12 anos. Sim, porque a sigla que nos desonra a todos, indistintamente, era o partido da ética e da moral. Depois, com apenas dois anos no comando da nação, descobriu-se que se tratava de propaganda enganosa, chula, fajuta, o famoso “gato por lebre”. Com efeito, estouraria o mensalão que levaria à Papuda a maior parte do arrogante estrelato, de Zédirceu a Delúbio, passando pelo presidente José Genoíno.
Muita lama correria sob a ponte até o descalabro (não sei como denominar) na nossa maior empresa, a Petrobrás. O rombo é  tal que os aludidos membros do mensalão passaram à condição de meros trombadinhas.
Por absoluta incompetência gerencial e leniência com a corrução, de uma hora para outra, o País mergulhou numa crise moral e financeira que está quase inviabilizando setores vitais. De fato, quando se entra numa repartição que lida, por exemplo, com a Saúde, as frases mais ouvidas são: "não há dinheiro, vamos ter que cortar 15% das despesas”. Diante de nossa estupefação, alguns gestores, menos comprometidos em dourar a pílula, costumam esclarecer que as verbas da Saúde e da Educação estão enterradas nos estádios de futebol. Pouco se lhes dão os compromissos dos prestadores.
Dispenso-me  comentar o que se gastou inutilmente, por pura vaidade (ou mesmo roubalheira), em estádios como o de Brasília. Risível sob todos os aspectos, sendo o mais debochado a ausência de tradição do futebol naquela cidade. A grande verdade é que se fala de um ano de suores, lágrimas e sangue.
Toda a nação é convidada a participar desse esforço hercúleo de recuperação moral, de amor próprio pelo País. Até o Eike Batista e a Luma de Oliveira e outros novos pobres do pedaço estão incluídos nesse mutirão de abnegação cívica. É preciso que sobre mais dinheiro para as orgias dos governantes.

Por isso, quero entender a lógica do “se”. “Se” Aécio Neves tivesse sido eleito, certamente estaríamos muito ruim. Os poços de petróleo iriam secar como forma de protesto. A peste bubônica, a filariose, o ébola e todas as misérias que assolam no mundo bateriam na nossa porta. Até Deus deixaria de ser brasileiro. Ia ser cubano.

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