ESTRADAS DO FUTURO...
Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
Olho o calendário e percebo já haverem transcorrido quase dois meses do ano. O tão esperado Pinto da Madrugada, assim como o Carnaval 2015, já se fazem lembranças. Os dias serpentearam tão rápidos como as correntezas dos rios, forçando as pessoas, como pedrinhas que burilam suas arestas na aridez das encostas e nas quedas dos despenhadeiros, a se adaptarem à certeza de que, por mais que o presente seja congelado, de nada adianta, pois, em um piscar de olhos ele passa a fazer parte da história.
Recordo quando, em minha infância, cheguei a temer os mortos que, principalmente durante as noites de lua cheia, deixavam fluir suas almas saindo por aí a espantar o mundo. Tempos depois, meu pavor era o futuro repleto de incertezas: Os cabelos brancos surgidos com o tempo, a despedida definitiva dos que então eu mais amava e a esperança de nunca parar de sorrir.
Muitas coisas mudaram desde então. Os anos passaram e entendi só ser justificável a preocupação endereçada a alguns vivos, quando, de forma egoísta não hesitam em roubar a esperança de seus semelhantes. Passei também a não mais ter receio do futuro. Assim como o ontem e o hoje, os tempos vindouros nada mais são que perspectivas, dentro das quais haveremos de existir.
Os dias, meses e anos são situações criadas pelo pensamento. Primordial é o amadurecimento, fazendo-nos conhecer melhor nossos companheiros de jornada, virando máscaras que definitivamente caem, expondo virtudes e também defeitos. Este raciocínio se estende a todos, desde os mais próximos, até endiabrados malfeitores que habitam favelas ou coberturas sofisticadas, de onde podem vislumbrar o raiar da lua esgueirando-se por detrás do oceano.
O importante é que quanto mais compreendermos a existência dos medos, mais nutrimos confiança de que as coisas são, em sua essência, aquilo que decidimos elas sejam.
Outro dia, lendo uma Revista de grande circulação no país, preocupei-me com o teor de um texto que listava centenas de empresas fechando suas portas devido às “traquinagens” praticadas pelos governantes. Horas depois, meditando sobre aquele conteúdo, concluí que minha vida – assim como a sua – é a maior indústria do universo. Não temos o direito de deixá-la ir à bancarrota, por ser o caminho mais curto e seguro para tal nunca vir a acontecer. É necessário sabermos escolher as companhias, mas, acima de tudo, sabermos que ser feliz é reconhecer o valor de viver, apesar das crises e das falcatruas diariamente divulgadas na imprensa. Em sua grande maioria, o povo é bom.
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