A NEM TÃO NOVA SELEÇÃO
É difícil dizer por quanto tempo o 7 a 1 envenenará nossa memória coletiva como um rato morto no poço. O trauma da derrota para o Uruguai em 50 tinha se diluído no tempo e só a vaga possibilidade da final da Copa de 2014 repetir a final de 50 justificava que fosse lembrado. A derrota de 50 ficou atravessada na garganta de uma geração, mas foi finalmente engolida e mais ou menos digerida. Aí veio o 7 a 1. Quanto tempo levaremos para engolir o 7 a 1? Quantas gerações?
Eu decidi fazer minha paz em separado com o 7 a 1. Me consolei com o seguinte raciocínio, meio desesperado: o 7 a 1 foi uma aberração. Nenhuma lógica o explica, nenhuma explicação resiste à razão. E é impossível construir qualquer coisa em cima de uma aberração. Teses não ficam de pé, conclusões desmoronam, até a indignação afunda. Se o resultado final fosse, digamos, Alemanha 3, Brasil 0, seria um vexame com significado. Um vexame aproveitável, uma lição, um castigo pelos nossos pecados, começando pelo da soberba. O 7 a 1 não significou nada. O 7 a 1 não existiu. Ou existiu num Universo à parte, só dele. A CBF deveria pedir a anulação do jogo e sua repetição, desta vez no mundo real, onde há lógica e as coisas costumam ter sentido.
Pela sua convocação para a nova seleção não dá para ver se o Dunga concorda que é melhor fingir que o 7 a 1 não houve ou se achou melhor partir do 7 a 1 e das culpas pelo 7 a 1. Da seleção do Felipão foram chamados dez. Supõe-se que os treze que sobraram foram considerados mais culpados pelo desastre do que os chamados, ou ficaram mais identificados com o fracasso. A não convocação do Marcelo e a reconvocação do Hulk e do Ramires desmentem esta impressão. Marcelo foi um dos que se salvaram do naufrágio e Hulk e Ramires dois dos que afundaram mais notoriamente. David Luiz era uma unanimidade e ninguém nega seu valor, mas revelou-se ser o que no meu tempo se chamava de “peladeiro”, aquele zagueiro que, por impaciência ou imprudência, desguarnece seu time e se lança à frente o tempo todo. E naqueles seis minutos em que a Alemanha marcou quatro, ele e o Dante certamente não estavam onde deveriam estar. Mas imagino que David Luiz será o capitão da nova seleção como foi do Felipão. Um sinal de que Dunga não ignorou o 7 a 1 e quer um grupo dividido entre culpados perdoados e inocentes.
É difícil dizer por quanto tempo o 7 a 1 envenenará nossa memória coletiva como um rato morto no poço. O trauma da derrota para o Uruguai em 50 tinha se diluído no tempo e só a vaga possibilidade da final da Copa de 2014 repetir a final de 50 justificava que fosse lembrado. A derrota de 50 ficou atravessada na garganta de uma geração, mas foi finalmente engolida e mais ou menos digerida. Aí veio o 7 a 1. Quanto tempo levaremos para engolir o 7 a 1? Quantas gerações?
Eu decidi fazer minha paz em separado com o 7 a 1. Me consolei com o seguinte raciocínio, meio desesperado: o 7 a 1 foi uma aberração. Nenhuma lógica o explica, nenhuma explicação resiste à razão. E é impossível construir qualquer coisa em cima de uma aberração. Teses não ficam de pé, conclusões desmoronam, até a indignação afunda. Se o resultado final fosse, digamos, Alemanha 3, Brasil 0, seria um vexame com significado. Um vexame aproveitável, uma lição, um castigo pelos nossos pecados, começando pelo da soberba. O 7 a 1 não significou nada. O 7 a 1 não existiu. Ou existiu num Universo à parte, só dele. A CBF deveria pedir a anulação do jogo e sua repetição, desta vez no mundo real, onde há lógica e as coisas costumam ter sentido.
Pela sua convocação para a nova seleção não dá para ver se o Dunga concorda que é melhor fingir que o 7 a 1 não houve ou se achou melhor partir do 7 a 1 e das culpas pelo 7 a 1. Da seleção do Felipão foram chamados dez. Supõe-se que os treze que sobraram foram considerados mais culpados pelo desastre do que os chamados, ou ficaram mais identificados com o fracasso. A não convocação do Marcelo e a reconvocação do Hulk e do Ramires desmentem esta impressão. Marcelo foi um dos que se salvaram do naufrágio e Hulk e Ramires dois dos que afundaram mais notoriamente. David Luiz era uma unanimidade e ninguém nega seu valor, mas revelou-se ser o que no meu tempo se chamava de “peladeiro”, aquele zagueiro que, por impaciência ou imprudência, desguarnece seu time e se lança à frente o tempo todo. E naqueles seis minutos em que a Alemanha marcou quatro, ele e o Dante certamente não estavam onde deveriam estar. Mas imagino que David Luiz será o capitão da nova seleção como foi do Felipão. Um sinal de que Dunga não ignorou o 7 a 1 e quer um grupo dividido entre culpados perdoados e inocentes.

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