sexta-feira, 8 de agosto de 2014

UM TEXTO DE BENEDITO RAMOS - GAZETA DE ALAGOAS

O VAZIO CULTURAL QUE NOS CERCA
Por: » BENEDITO RAMOS – escritor.

Conformismo nosso, afinal aprendemos a nos calar. Os 365 dias do ano são exatamente iguais. As coisas não acontecem e só esperamos como se num estalar de dedos pudesse surgir da magia o que buscamos. Será que sabemos o que? Contentamo-nos com tão pouco e nos aplaudimos mutuamente por quase nada. O que vamos fazer? Cada um é protagonista de si mesmo e ai de quem não o seja. Pior cair no exílio. Conheço tantos no exílio e muitos saem apenas para morrer. É então que aparece uma centena de beneméritos querendo escrever seu epitáfio, pegando carona na mídia do defunto. Último adeus daquele que foi o maior...
As coisas da cultura são de uma teatralidade imensurável. Quem enxerga o óbvio? O mito é mais convincente. É preciso vontade para fazer acontecer. É preciso estender o olhar mais ao horizonte para perceber o alcance de uma simples ação. Sobretudo, aquelas que se perenizam, se repetem e se transformam em lei com calendário próprio para acontecer e o Carlito Lima provou que isso é possível. 
O tempo entre um governo e outro, mesmo em dois mandatos, não parece suficiente para deixar uma marca, um rastro apenas de um trabalho de alcance coletivo. É difícil porque as ações efêmeras e imediatistas são mais fortes e vigorosas enquanto duram. Depois, no final de tudo é só varrer e desarmar o circo. É então que tudo volta ao normal. Porque normalidade é o vazio enorme que nos cerca.
Ah! Se o turista soubesse o que temos nesta terra e o que enterramos em benefício de interesses outros. Mas o turismo não vende cultura e cultura não vende turismo. Um casamento desfeito desde o tempo que o Departamento de Assuntos Culturais e a EMATUR faziam o festival de cinema de Penedo ou de verão de Marechal Deodoro. Faz muito tempo... E o tempo é muito curto. E arte e cultura não são gêneros de primeira necessidade.
No entanto, seria injusto não lembrar os visitantes que nos chegam com mapas culturais e folders feitos e distribuídos desde o aeroporto pelo turismo municipal ou o cumprimento do calendário festivo, como o São João, com tamanha organização. Mais ainda, a já costumeira Banda da Polícia Militar na orla de Ponta Verde aos domingos, assim como o Concerto aos domingos, capitaneado por Selma Brito no IHGAL. Sem falar da riqueza de nosso folclore que vive apagado. Temos muito a mostrar. O que nos falta é visão de futuro e do alcance da economia cultural para toda a população aplicada de forma democrática.

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