27 de fevereiro de 1970: Médici afirma que é cedo e preserva AI-5
Durante a primeira entrevista coletiva como Presidente da República, quando apresentou seu projeto político à nação brasileira, Emílio Garrastazú Médici afirmou que era cedo para revogar o AI-5, assim como considerou tardia sua edição, pelo Presidente Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968.
O descontentamento da opinião pública foi imediato. Comprometeu a atmosfera de otimismo e esvaziou a esperança brasileira de exercer, num futuro próximo, a democracia no país.
Depois de dizer que nunca afirmou que ao fim do seu Governo entregaria o país em pleno regime democrático, como alguns entenderam na primeira manifestação pública ao tempo em que foi indicado à presidência, Médici lembrou suas palavras àquela ocasião, ratificando que afirmou apenas sua intenção: "A plena democracia é ideal que, se em algum lugar já se realizou, não foi certamente no Brasil. Tomei parte na primeira Revolução, a de 1930, à procura desse ideal, e ainda não o vi".
A entrevista de Médici reacendeu a antiga questão da legitimidade da democracia na história do país. De aspecto precário e duração instável, essa experiência sempre esteve à margem de uma indubitável desigualdade social, refletida na exclusão da grande maioria da população brasileira ao ensino, emprego, saúde, alimentação e demais condições essenciais ao cumprimento da cidadania. E naquele momento, passava por outras renúncias: a das garantias individuais, que constituem a essência dos regimes constitucionais, e a das liberdades políticas que alimentam os ideais de democracia.
Era o prefácio do período mais terrível do regime militar no Brasil.
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