terça-feira, 26 de novembro de 2013

JB NA HISTÓRIA

26 de novembro de 1979: A estreia de O último tango em Paris

A estreia de O último tango em Paris. Jornal do Brasil:Sexta-feira, 23 de novembro de 1979

A abertura no campo do cinema - ainda que lenta para as impaciências estocadas nos amargos anos 70 - é um fato consumado: à abertura política, segue-se uma lufada de ar civilizado. Trincam os dentes de raiva os cultores da intolerância. A Censura (oficial) libera sem batalhas O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolluci, e podemos anunciar sua estréia em circuito nacional, o que até pouco tempo parecia surrealismo.

... Liberado (ao que se informava, sem cortes), O Último Tango em Parisvai empreender no Brasil duas difícieis tarefas, além de levar o teste de abertura aos desertos culturais do país: (1) tentar um entendimento estético e intelectual por cima de veneráveis baús de moralidade, dos quais com razões fáceis de compreender, fantasmas pouco vividos saltarão sob o choque de elementos pornográficos que necessariamente integram o filme; (2) procurar estabelecer comunicação fora das faixas de espectadores que dominam plenamente o inglês, já que nada é tão ousado quanto o diálogo, que dentro dos nossos padrões, por certo terá sido descaracterizado e polido pela tradução e legendas.
O último tango em Paris. Poster. Reprodução de internet
Em Tango, Marlon Brando é um americano de meia-idade que vive em Paris e induz uma jovem francesa (Maria Schneider) - de grande curiosidade perversa sob máscara de inocência - a um relacionamento estritamente sexual, sem personalização, sem emocionalismo. Paul (Brando) saiu profundamente traumatizado de sua vida conjugal, encerrada com o suicídio da esposa. Jeanne (Schneider), noiva de um cineasta primário, não quer ser mero objeto fotogênico do mundinho idealizado desse rapaz. As relações agressivas de Paul e Jeanne, comandadas pelo americano, passam de jogo ao plano passional e derivam para a tragédia. Sem dúvida, difícil de aceitar em seu todo. Las Tango in Paris é impressionante como construção visual. Além da fotografia de Vittorio Storaro, destaca-se a música de Gato Barbieri.

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