sexta-feira, 4 de outubro de 2013

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND

NO BRASIL, NEM JESUS RESOLVE
Alberto Rostand Lanverly
Membro do Instituto Histórico e geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras
           
Meses atrás, estive em Cafarnaum, cidade localizada na Galileia, lá em Israel, região onde Jesus Cristo, nos tempos de sua vida pública, através de palavras e exemplos, tentava corrigir as desconformidades habituais que se sucediam desde o episódio de Caim e Abel, passando por Sodoma e Gomorra, Arca de Noé e Torre de Babel, sem falar nas cafirnicinas patrocinadas pelos Césares, Faraós e tantos outros dirigentes do mundo conhecido.
            Em determinado dia, Jesus foi solicitado a curar um dirigente do exercito imperial romano, que perseguia os Judeus, tendo sob seu comando cem soldados, ou seja, uma centúria, por isto conhecido como Centurião. Ao ser informado da chegada do filho de Deus ao local onde se encontrava, um parente do enfermo afirmou: “Senhor eu não sou digno que entreis em minha casa, mas dizeis uma só palavra e meu ente será salvo”.
            No Brasil, a salvação parece passar ao largo, a partir do momento em que episódios se sucedem e, com os envolvidos, nada parece acontecer, deixando no ar o clima de impunidade que incentiva gerações futuras a burilarem a forma de errar.
            Dias atrás, foi noticiado que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, juntos, possuem mais de quinze mil funcionários com salário mensal médio de dezessete mil reais. Destes, quase vinte por cento, recebem, há quase uma década, soldo que extrapola o limite constitucional de vinte e sete mil reais.
Neste mesmo dia, os jornais anunciaram que o Estado de São Paulo realizará concurso público para professores. Serão cinquenta e nove mil vagas disponíveis (www.educacao.sp.gov.br), com vencimentos que variarão de setecentos, até dois mil e quatrocentos reais, dependendo da carga horária.
Todos sabem que o funcionalismo público, no Brasil, é formado por uma casta restrita, à qual só existem duas formas de se ingressar: A primeira delas requer estudo e saber, pois a chave mestra para o acesso são as provas de seleção; a segunda, exige pouca ou quase nenhuma competência, mas, apenas, quem indique ou proteja. Nesta alternativa, os dotes físicos, principalmente os femininos, ajudam, de forma alvissareira, uma vez que geram, além de bons salários, estabilidade e glamour.
            Exemplos como estes desnudam situações que se repetem, através dos tempos, não somente engessando e desmotivando jovens, de todas as idades, que sonham em trabalhar honestamente, sendo impedidos pela volúpia e ganância das autoridades que enxergam, na educação e no saber, o grande inimigo de sua ignorância e incompetência.
            Voltando ao episódio ocorrido em Cafarnaum, contam os livros que, a humildade do familiar do Centurião, gerou, em Jesus, um forte sentimento de compaixão e respeito, fazendo com que, imediatamente, ocorresse a cura que entrou para a história.
            Nos tempos atuais, os pecadores, do Senado, das Câmaras Federal, Estadual e Municipal como de outros organismos públicos, jamais reconheceriam seus erros, até porque, eles próprios, se acham seres supremos, acima do bem e do mal, que tudo podem,  inclusive estabelecer a máxima de que, no Brasil, nem Jesus resolve. Valha-me Deus...

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