LITERATURA. Em sua 4ª edição, a Festa Literária de Marechal Deodoro se
consolida no calendário cultural do estado com uma programação robusta
A CIDADE SE AGITA
De 25 a 28 de setembro, Marechal
Deodoro terá uma movimentação cultural à altura de sua importância histórica
Foto:
FELIPE BRASIL/ARQUIVO GA
Por: RAFHAEL
BARBOSA - REPÓRTER
“Há sessenta e três anos que sou/ na posse de mim mesmo/ – E só no
passado me sei/ Me conheço/ No futuro e no presente/ nunca me vi”. Ao
retornar a um de seus temas obsessivos no poema Só Passado, Jorge Cooper
(1911-1991) parece refletir um traço alagoano.
Quando o assunto é produção artística e movimentação cultural, há uma grande dificuldade em romper com a sombra da memória. Seja pela inércia que historicamente emperra o setor, ou pela relevância do trabalho que foi feito lá trás, as iniciativas recentes não raro se mostram aprisionadas a uma dívida com o
passado.
Num estado que forneceu à literatura brasileira alguns de seus maiores nomes, a exemplo de Graciliano Ramos, Jorge de Lima e o próprio Cooper, de fato é esperado que seus legados sejam frequentemente revisitados e postos em perspectiva. No entanto, não deixa de ser curioso observar como, ao menos no imaginário de uma parcela dos alagoanos, a memória possui cores tão mais vibrantes que o presente. Ainda mais intrigante é a contradição de um passado cultural vivo na mente das pessoas, mas esquecido pelo poder público. Basta observar o tratamento dado ao símbolo principal dele, o museu – mas não só ele: o descaso se estende a todos os nossos equipamentos culturais.
Outro traço dessa conflituosa relação também é facilmente reconhecido no modo como algumas cidades alagoanas se tornaram reféns da nostalgia.
Município que viveu seu apogeu cultural nos anos 1960 e 70, Penedo foi afetada por uma crise econômica que se refletiria nas décadas seguintes. Sem os saudosos cinemas Cine São Luiz e Cine Penedo, e sem o festival que ficou marcado na história da cidade, os penedenses viveram muitos anos relembrando os dias de glória. Hoje, com a tentativa de retomada do evento pelo Festival de Cinema Universitário de Alagoas, eles aos poucos parecem se reconciliar com o presente.
O mesmo acontece com a também histórica Marechal Deodoro, outra cidade cuja memória é até elemento na paisagem. E tal e qual o Festival de Cinema Brasileiro Penedo – que reza a lenda, acabou quando o governo do Estado decidiu transferi-lo justamente para Marechal –, o Festival de Verão do município, realizado entre 1974 e 1976, foi extremamente marcante para a população, com atrações do porte de Vinicius de Moraes e Alceu
Valença.
‘ÓRFÃOS’
Em sua quarta edição, que acontece entre os dias 25 e 28 de setembro, a Festa Literária de Marechal Deodoro surgiu para atender aos pedidos dos ‘órfãos’ do antigo Festival de Verão. “O antigo festival era uma coisa parecida, só não tinha palestra, mas tinha muita cultura, era uma curtição muito grande. E o pessoal mais antigo pediu ao prefeito para fazer uma recuperação desse evento. Mas o prefeito chegou para mim e disse: em vez de refazer uma coisa que morreu, vamos fazer uma festa literária com muitas palestras”, explica o secretário de Cultura de Marechal Deodoro, Carlito Lima.
Quando o assunto é produção artística e movimentação cultural, há uma grande dificuldade em romper com a sombra da memória. Seja pela inércia que historicamente emperra o setor, ou pela relevância do trabalho que foi feito lá trás, as iniciativas recentes não raro se mostram aprisionadas a uma dívida com o
passado.
Num estado que forneceu à literatura brasileira alguns de seus maiores nomes, a exemplo de Graciliano Ramos, Jorge de Lima e o próprio Cooper, de fato é esperado que seus legados sejam frequentemente revisitados e postos em perspectiva. No entanto, não deixa de ser curioso observar como, ao menos no imaginário de uma parcela dos alagoanos, a memória possui cores tão mais vibrantes que o presente. Ainda mais intrigante é a contradição de um passado cultural vivo na mente das pessoas, mas esquecido pelo poder público. Basta observar o tratamento dado ao símbolo principal dele, o museu – mas não só ele: o descaso se estende a todos os nossos equipamentos culturais.
Outro traço dessa conflituosa relação também é facilmente reconhecido no modo como algumas cidades alagoanas se tornaram reféns da nostalgia.
Município que viveu seu apogeu cultural nos anos 1960 e 70, Penedo foi afetada por uma crise econômica que se refletiria nas décadas seguintes. Sem os saudosos cinemas Cine São Luiz e Cine Penedo, e sem o festival que ficou marcado na história da cidade, os penedenses viveram muitos anos relembrando os dias de glória. Hoje, com a tentativa de retomada do evento pelo Festival de Cinema Universitário de Alagoas, eles aos poucos parecem se reconciliar com o presente.
O mesmo acontece com a também histórica Marechal Deodoro, outra cidade cuja memória é até elemento na paisagem. E tal e qual o Festival de Cinema Brasileiro Penedo – que reza a lenda, acabou quando o governo do Estado decidiu transferi-lo justamente para Marechal –, o Festival de Verão do município, realizado entre 1974 e 1976, foi extremamente marcante para a população, com atrações do porte de Vinicius de Moraes e Alceu
Valença.
‘ÓRFÃOS’
Em sua quarta edição, que acontece entre os dias 25 e 28 de setembro, a Festa Literária de Marechal Deodoro surgiu para atender aos pedidos dos ‘órfãos’ do antigo Festival de Verão. “O antigo festival era uma coisa parecida, só não tinha palestra, mas tinha muita cultura, era uma curtição muito grande. E o pessoal mais antigo pediu ao prefeito para fazer uma recuperação desse evento. Mas o prefeito chegou para mim e disse: em vez de refazer uma coisa que morreu, vamos fazer uma festa literária com muitas palestras”, explica o secretário de Cultura de Marechal Deodoro, Carlito Lima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário