domingo, 4 de agosto de 2013

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA

AO SABOR DO IMPROVISO
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL

Alio-me ao misericordioso coro de orações do povo brasileiro pelo restabelecimento do  ex-presidente José Sarney. Com fama de incurável patrimonialista,o famoso bigode, queira-se ou não, fez uma expressiva carreira política.  Ao assumir, por um aborto, a chefia máxima da nação, teve chance (e até tentou) de entrar na História como um grande presidente. Talvez tenha sido um dos mais nanicos. Embora habilidoso no trato com os colegas, a incúria, o permissivo desempenho como presidente do Senado é motivo de chacotas. No fundo, um adesista que até criou escola. Há quem diga que foi superado pelos pupilos.
Quer-se crer que, a essa altura, ninguém de bom senso é contrário à ida do José Sarney  para São Paulo. Questão humanitária. Com efeito, aparentemente acometido por grave doença pulmonar (aguda ?), o ladino senador cumpre o ritual dos figurões da atual República: antes de alçar o último voo rumo ao Pai, ter a alegria de ser recebido pelo polivalente Roberto Kalil, o oportuno coringa da medicina brasileira.
Sem dúvidas, seria uma desfeita ao velho político deixá-lo fenecer no distante Maranhão, longe dos holofotes da paulistana mídia hegemônica e golpista. Seria inconcebível, dentro do rigor ideológico e concepção de amparo aos amigos e sócios do governo socialista/petista.  Um parceiro como Sarney jamais poderia ficar de fora do“ último baile fiscal” no Hospital  Sírio Libanês.
Assim, a transferência do moribundo para o HSL delineia-se como mera formalidade. Pura questão cultural. Uma tradição que teria se iniciado com as jornadas vitoriosas do vice-presidente José Alencar e continuado com os caranguejos de Dilma e do próprio Lula.
O imortal da ABL bem que poderia ser atendido em um hospital do Sus, lá do seu progressista Maranhão. Infelizmente, doença não marca encontro, não pede licença. Se não, seria até mais patriótico que aguardasse a vinda dos médicos cubanos. Iria calar a boca desses mafiosos de branco do Brasil. Uns mercantilistas.  Corporativistas que só pensam em lucro. Seria um gol de placa o ex-presidente Sarney ser salvo das garras da “malvada” por um dos representantes do “mais médicos”.

Vivenciando as últimas etapas na vida médica (sobram-me 15 ou 20 anos), jamais imaginei  testemunhar tamanhas demonstrações de competência. Cotas para a universidade, vestibular unificado, faculdades de medicina travestidas de escolas de cidadania, importação de médicos sem avaliação de conhecimentos, e, finalmente, dentre outras, proposta/desistência de prolongar o curso médico para oito anos. Salta aos olhos o alto grau de planejamento governamental. Impagáveis surtos de genialidade.

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