QUAL DEMOCRACIA ?
Norberto Bobbio, respeitado professor de teoria política e filósofo italiano, em 1986, já propôs, em sua obra O Futuro da Democracia; Uma defesa das regras do jogo, uma reflexão sobre como seria a democracia capaz de assegurar o bem estar social mediante a conjugação da Liberdade com a Justiça Social.
Quase três décadas após, agora, os cidadãos do mundo inteiro, especialmente no ocidente, buscam diretamente, com manifestações nas ruas,o protagonismo da definição das ações estatais que correspondam às suas prioridades. Exercitam a liberdade para exigir a justiça social.
A democracia representativa conjugada com a democracia participativa, legitimadas constitucionalmente, não está correspondendo às aspirações da população. O que se verifica, em muitos países – França, Espanha, Estados Unidos, Turquia, Egito, Chile, Brasil. . . – é que, por meio das mídias sociais, nas quais todos podem interagir entre si, a cidadania está dando passos gigantescos rumo à Democracia Direta, semelhante à vivida na Grécia Antiga.
Os movimentos que ganham nossas ruas, não são conduzidos por líderes, por partidos políticos ou pelo interesse na tomada do poder. Seu combustível é uma causa justa. O que a cidadania digital exige é que o exercício do poder estatal seja norteado pela eficiência – Saúde padrão Fifa... -, pela ética – Abaixo a corrupção. . – e pela sintonia fina com suas efetivas prioridades – Nenhum político me representa... -.
As manifestações vieram para ficar. Simbolizam um novo estágio da cidadania. A vida em sociedade atingiu novos patamares. As conquistas da cidadania não serão renunciadas. Haverá variação nos temas, mas elas continuarão.
A civilização do conhecimento e a globalização digital em que nos encontramos, viabilizam o protagonismo direto do cidadão nas ações estatais rotuladas como de seu interesse, especialmente nas relativas aos serviços públicos.
O desafio é o de ler e interpretar corretamente o sentimento dos manifestantes. A meu ver, Max Weber tinha razão: político não é aquele que vive da política, mas sim aquele que vive para a política. Esta, conforme a concepção aristotélica, como ciência (atividade) voltada à promoção da felicidade dos cidadãos. Ai está a condição para a legitimação da representação política: O representante tem que viver para a política. Para a felicidade da Pólis.
Eliseu Padilha
Presidente da Fundação Ulysses Guimarães
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