quinta-feira, 18 de julho de 2013

UM TEXTO DE ALBERTO ROSTAND -

TAPA NO ROSTO, OU BOFETE NA CARA?



Alberto Rostand Lanverly
Membro do Instituto Histórico e Geográfico e da Academia Maceioense de Letras
         Tempos atrás, os conflitos eram resolvidos em duelos. Os contendores mediam forças, até a morte. O desafio se concretizava com um tapa, no rosto do desafeto. Hoje, o povo brasileiro, inerte, recebe, a qualquer momento do dia, não somente bofetes, mas, agressões vis que afetam sua saúde, seu corpo e, muitas vezes, sua honra.
            O apogeu desta situação, colocando, frente a frente, uma população cordata e desarmada, com grupos organizados que, por detrás de bandeiras oficiais, amedrontam e agridem, quem os ouse confrontar, única e exclusivamente na expectativa de beneficiar alguns poucos, em detrimento da maioria.
            Dia onze de julho de 2013, o Brasil parou. Não pela vontade das massas que, amedrontadas, permaneceram em suas residências, não como se fora um feriado, quando grande maioria aproveita para usufruir o lazer, mas por receio de exporem sua integridade física.
            Em Alagoas, o que se viu, foram pessoas, algumas trazidas do interior, a queimar pneus, interditando avenidas, invadindo locais de trabalho, munidas de foices, enxadas e pedaços de pau, além de suas bandeiras que, hoje, pela grande maioria, já não são consideradas de luta, mas, sim, de oportunismo. No aeroporto Zumbi dos Palmares, inúmeros foram os passageiros, muitos deles idosos, que tiveram de caminhar da rodovia, até o terminal, na expectativa de não perderem seus vôos, além de outra que, no carro fúnebre, para ser sepultada em Rio Largo, teve que fazer o percurso via Pilar, ou, o que é pior, para cruzar o ponto de conflito sem atravessar a nuvem de fumaça, tinham que pagar um pedágio de dez reais por cabeça, aos líderes do piquete.
Naquele dia, medo foi a palavra de ordem. O comércio fechou, repartições públicas cerraram suas portas, igrejas passaram o cadeado em suas entradas e, até o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, guardião da memória de nosso Estado, emitiu nota aos visitantes dando conta de seu não funcionamento. Talvez, os atuais dirigentes, não tenham esquecido o que ocorreu em 1968 com a Academia Paulista de Letras, que teve, não somente seu prédio, mas todo o acervo depredado e incendiado. A diferença é que, naquela época, o povo lutava contra a ditadura. E  hoje, por que será?
Nos idos de 1945, ocorreu, no Brasil, um movimento político, chamado queremismo, surgido ante as evidencias de que a ditadura do estado novo caminhava para seu final. Vargas, à época, se por um lado mantinha posição dúbia em relação à possibilidade de candidatar-se, por outro, comentava-se que, através de seus seguidores, enchia as ruas com o slogan “queremos Getulio”, na expectativa de enganar o povo. Em consequência, todos sabem o que aconteceu.
A história está repleta de exemplos, cujos fatos se repetem através dos tempos. Será que cansaram da Dilma e estão querendo trazer alguma coisa de volta? Os dias atuais são outros. Contudo, é bom a sociedade brasileira estar esperta, pois, se naquela época, o gaucho presidente deu um tiro no peito, demonstrando coragem, hoje tal fato jamais aconteceria. Não, pelo menos, perpetrado pelos dirigentes que comandam  nosso país, nos tempos modernos.

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