sexta-feira, 3 de maio de 2013

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA


BOLSA MENSALÃO
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL



       
       Abro os jornais e vejo a foto do gladiador José Dirceu. Ele voltou. Um mártir! Comandante-em-chefe de uma legião acima de qualquer suspeita, teve generais de primeiríssima qualidade. No seu batalhão não havia soldados rasos. Um esquadrão de elite. Num país de tão fraca memória, não se pode deixar de homenagear essas heroicas figuras.
É impossíve esquecer do José Genoíno,  cidadão  de uma grandeza moral que não se encontra mais. Pudera! O que se espera do presidente de um partido que nem rouba, nem deixa roubar?
  Professor Delúbio, é outro incompreendido. Imaginem o sacrifício deste rapaz. Durante longos anos, dedicou-se a dar aulas. Somente um espírito superior poderia suportar aquele horrível pó de giz penetrando nas unhas, correção de provas... Um cara brilhante a elucidar complexos problemas da matemática. Há quem diga, até, que teria sido um dos operadores da duplicação do cubo. Era secretário do partido da ética e da moral, enquanto mourejava na quadrilha, digo, na equipe, de Zé Dirceu.
Tesoureiro do PT, o doce Silvinho foi um dos generais daquela histórica cruzada cívica, o mensalão, que marcou o início glorioso do governo do tipo mais ético do país, ninguém menos que Luiz Inácio. Silvinho teve participação tão destacada que foi agraciado pelos empresários com uma Land Rover, premiação apenas concedida aos ungidos.
Outra vítima da intolerância da Suprema Corte, Marcos Valério foi uma das maiores aquisições do chefe Dirceu. Louve-se o faro do guerrilheiro. Veterano de outras guerras, Valério trazia marcadas no peito batalhas sob as montanhas ferrosas de Minas, onde teria cunhado seu pendor. Investia nas ambições pecuniárias de amigos e eventuais adversários. A intimidade com as diretorias de casas bancárias deixaria Rockfeller envergonhado. Não se sabe bem o porquê, mas nosso guru, Luiz Inácio, não pode ouvir falar desse nome.
Dentre outros, duas palavras sobre João Paulo, um dos heróis do mensalão. Sua pureza d´alma é tão comovente que não hesitou em mandar sua santa esposa apanhar na boca do caixa uma premiação de modestos cinquenta mil. O impressionante é a humildade do sujeito: presidente da Câmara dos Deputados submeter-se a merreca tão acachapante.
Restam assim inexplicáveis as condenações pelo STF. Não fora a imprensa escrava, amordaçada pelo capital estrangeiro, a inventar coisas contra esses mártires e tudo estaria resolvido. Urge anular. Nada de novo julgamento. Inocentes não são julgados. A hora é de pedir desculpas. Além disso, para compensar danos morais etc, há que se criar uma bolsa-mensalão para as vítimas. Por fim, é imprescindível empastelar essa imprensa nojenta,  a soldo do sujo dinheiro de Margaret Thatcher e Ronald Reagan.


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