domingo, 29 de julho de 2012

JB NA HISTÓRIA


1938 - A morte do rei do Cangaço

Jornal do Brasil: Sexta-feira, 29 de julho de 1938

Cabeças do bando de Lampião. reprodução/CPDoc JB

"Maceió - A coluna volante, comandada pelo Tenente Bezerra, da Polícia Militar deste Estado e que no sertão empenhava-se na caça aos bandoleiros, surpreendeu no local denominado Angico, no município de Porto da Folha, em Sergipe, o grupo de cabras chefiado pelo famoso Lampião.

A coluna volante empenhou-se em forte tiroteio com o grupo de bandidos. Após a refrega, os soldados da polícia avançaram sobre o campo inimigo. Fuzilaram todos, e entre os mortos estava Lampião, que foi imediatamente reconhecido
".
Jornal do Brasil

Parecia uma caravana de circo a volante que exibia as cabeças deLampiãoMaria Bonita outros cangaceiros, recém fuzilados, para o povo do sertão de Alagoas. Para as autoridades, era a vitória final contra o cangaço. Para o povo, o espanto diante do mito reduzido a uma cabeça em decomposição.

Durante vinte anos a polícia foi derrotada na luta contra os cangaceiros porque esqueceu que aquela não era uma guerra regular, onde a organização e a coragem prevalecem como os dois elementos essenciais ao êxito. Lampião comandou um miserável bando de guerreiros a praticar uma liberdade selvagem. Não que fosse propriamente um revolucionário, mas porque fazia a síntese de dois ícones de uma geração: cangaço e coronelismo. Os que o seguiam veneravam o seu terrível poder. Mas para os sete estados que dominou - mais pela fria vontade de resistir à polícia do que pela ilusão de erguer uma nova ordem social - o seu nome era símbolo de terrorismo. Foi então que o Cabo João Bezerra entrou em cena. Investiu sua inteligência no conflito, induziu o bando ao refúgio, que, surpreendido, não resistiu à violência do ataque. Entrava para a história o homem que matou o homem.

O selvagem e extravagante cangaceiro

Figura de símbolos obscuros, a religiosidade de Lampião era de um fetichismo bárbaro. Místico extravagante e selvagem: no pescoço medalhas de santos, escapulários, rezas pagãs para fechar o corpo, e um grande crucifixo em ouro maciço. Foi o cangaceiro supremo do Nordeste Brasileiro. A sua morte, contudo, não encerraria a história do cangaço. Pelo contrário. O extermínio do bando de Lampião não impediria que as muitas lendas que corriam o sertão a seu respeito continuassem a habitar o imaginario popular. Nem que prosseguisse o processo de mitificação do heroi cangaceiro.

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