A cearense Isa Gonzaga gira nas mãos uma microcalcinha cor da pele, na tentativa de descobrir onde termina a parte da frente, onde começa a de trás, enquanto mostra o arsenal de roupa íntima que disponibiliza para venda e aluguel em dia de visita aos presos no Centro de Detenção Provisória do Belém I e II, na Zona Leste de São Paulo. “Essa é P. Mas a gente tem até o GG”, diz Isa, de 48 anos, rodando uma espécie de varalzinho com vários modelos pendurados. Os preços vão de R$ 5 a R$ 10.
A ideia de vender lingerie na porta do CDP surgiu da demanda das mulheres dos detentos, que buscam usar modelos especialmente provocantes para "esquentar" a visita íntima (com direito a sexo).
Mas a dúvida é: alguém que não vê a mulher durante a maior parte do tempo, como os detentos, precisa desse tipo de estímulo? "Ah, não sei te responder isso", despista Isa, ela mesma mulher de um caminhoneiro que passa mais tempo na estrada, supostamente sem sexo, do que em casa. Isa titubeia quando perguntam se, nas voltas do marido para casa, ela também lança mão das calcinhas que vende. "Ah, eu uso, sim, quer dizer, nem precisa."
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