segunda-feira, 16 de abril de 2012

UM TEXTO DE JOALDO CAVALCANTE - TRIBUTO A UM BRAVO ALAGOANO



Ele possuía apenas 31 anos quando lançou uma de suas obras mais conhecidas e importantes no debate sobre federalismo. Aureliano Cândido Tavares Bastos morreria cinco anos após a publicação de A província – Um estudo sobre a descentralização no Brasil. Abolicionista, criminalista, escritor, jornalista e deputado, ele pensou um Brasil muito além do seu tempo, mesmo vivendo no século XIX.

Agora, quando o mês de abril reserva o dia 20 para consagrar os 173 anos do nascimento de Tavares Bastos, a Assembleia Legislativa de Alagoas toma uma iniciativa elogiosa: reedita, em caráter comemorativo, o livro A Província, publicado originalmente em 1870, para homenagear o patrono do parlamento alagoano.

Filho da antiga cidade de Alagoas, hoje Marechal Deodoro, Tavares Bastos precisa ser lido e difundido entre as novas gerações. Como diz o escritor Carlos Méro, presidente da Academia Alagoana de Letras, que prefacia a edição especial de A Província, o ideário do nosso ilustre alagoano vem alicerçado num extraordinário rigor crítico, ao examinar a realidade brasileira em sua época.

E por que o seu legado intelectual é perene? Pelas páginas de A Província, viaja-se por um Brasil desigual, perverso com quem morava e trabalhava distante do centro do poder imperial. Tavares Bastos penetrou nos escaninhos regionais, denunciando as distorções e pensando um Brasil grande, que tratasse seus filhos com justiça social.

Por falar em justiça, eis a presença de seu raciocínio abolicionista em passagens do livro, quando se refere à missão das províncias: “Escola para todos, para o filho do negro, para o próprio negro adulto, eis tudo! Emancipar e instruir são duas operações intimamente ligadas”.

Clamando pelo federalismo e defendendo a descentralização do poder, com o fortalecimento e o respeito às diferenças de cada unidade local, Tavares Bastos sentenciou: “A União não há de resistir muito tempo aos sacudimentos de sérios interesses conculcados ou desatendidos. Pedem-se de toda parte escolas, estradas, trabalho livre, melhoramentos morais e materiais”.

Ao reeditar A Província, o parlamento alagoano presta um serviço inestimável e de caráter público, pois propicia às instituições o acesso gratuito a um documento que certamente servirá de fonte de consulta e de pesquisa, retratando dramaticamente uma época da nossa história. São raros os volumes disponíveis para o manuseio de qualquer leitor.

Agora, as bibliotecas poderão ofertar, a quem assim desejar, um mergulho no pensamento brilhante de um bravo alagoano, cuja breve trajetória deve sempre orgulhar a todos nós. 

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