Elô Baêta para O Jornal
Fotos: Marco Antônio
(“São três horas da tarde. Estou atendendo à reportagem de O JORNAL. Sinto-me pequena e tímida. Agora, por que sempre perco a naturalidade nesses momentos? Não sei. Nunca me sinto ´esta´, a ´indicada´”.). As mãos franzinas corriam astutas sobre a folha de ofício, na delicadeza do bilhete de caligrafia polida. Com a modéstia dos sábios, Ruth Braga Quintella Cavalcanti surpreendeu naquele encontro vespertino.
Nem pequena. Tampouco pouco indicada. Apenas, inibida. Assim, a escritora alagoana recebeu o Caderno Dois na última quarta-feira, em sua casa, no Farol. Enquanto posava diante das potentes lentes jornalísticas de Marco Antônio, antecedendo uma conversa de horas, um embrulho de envelope pardo chamava a atenção sobre a mesa.
Escritas com a constante caneta bic preta como sua “pena” de sempre – “para realçar mais a letra”, como justificou a escolha pela cor de sua grafia –, as linhas a próprio punho eram endereçadas à sobrinha Noemi Quintella: “Aí estão todos os livros que já foram publicados. Não dê. Não importe. Não toque. Eles representam meu trabalho, minha obra. Tornaram-se relíquias”.
Escritas com a constante caneta bic preta como sua “pena” de sempre – “para realçar mais a letra”, como justificou a escolha pela cor de sua grafia –, as linhas a próprio punho eram endereçadas à sobrinha Noemi Quintella: “Aí estão todos os livros que já foram publicados. Não dê. Não importe. Não toque. Eles representam meu trabalho, minha obra. Tornaram-se relíquias”.
Relíquias mesmo. Não só para a parenta próxima. E sim para todos os leitores que a acompanham. Uma obra referência. Construída ao longo de nada menos que setenta anos; dos noventa de vida que a mestra Ruth está prestes a comemorar, já no próximo mês de maio. Mais de uma dezena de títulos, que carregam na Literatura infantil – e infanto-juvenil – a assinatura da autora com o respeito de ícone desse gênero em Alagoas.
A poucos dias para o momento em que o Brasil bem poderia parar, literal e literariamente, para celebrar o Dia Nacional do Livro infantil (comemorado em 18 de abril), Ruth não poderia deixar de ser ouvida. Ela é prova incontestável de que a relação amigável entre o Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas chamado L.I.V.R.O e o homem pode ser indissolúvel.
“O livro é um amigo. Nas horas vagas, ele está sempre lá, junto de você, basta procurá-lo”, destrincha Ruth Quintella um de seus lemas anunciados. Sobram razões – e não são poucas – para que o Caderno Dois, nesta edição, aproveite o mote dessa significativa data do calendário brasileiro para “tirar o chapéu” para sua vida e sua obra, frente a frente com a escritora.
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