PARA
CURTIR 2012
PRAIA DE PORTO DE PEDRAS – FOTO ROBERTO FARIAS
A vida se inicia com uma
corrida, o espermatozóide mais veloz fecunda o óvulo que fica à espera desse
mais esperto. O prêmio da junção é o feto desenvolvido dentro da mulher, nove
meses depois expelido em forma de bebê, o primeiro ciclo do ser humano. A
seguir vêm os outros ciclos contínuos: a infância, a adolescência, a juventude,
a maturidade, a meia idade, a senilidade e finalmente a morte. Se enterrado
nosso corpo se mistura fertilizando a terra que gera alimentos necessários aos
órgãos humanos produzirem novos espermas competindo loucamente contra milhões
de colegas ejaculados para fecundar apenas um óvulo, repetindo o ciclo da vida
humana.
O ano novo faz lembrar esses ciclos
de vida, acaba um ano, ressurge outro, feito àquela ave da mitologia, Fênix,
morria, ressuscitava das cinzas. Na vida real nós morremos várias vezes e
ressuscitamos em outro ciclo, em nova fase da vida. Esses ciclos dão a
sabedoria ao homem, mostram, ninguém é imortal, a morte faz parte do ser humano
tanto quanto o nascimento comemorado todos os anos nos festivos aniversários. O
ano novo nos trás o sentimento de renovação de vida. Entretanto, muitos não
percebem o presente maravilhoso, a experiência extraordinária que é
simplesmente viver. Por preconceito, ignorância ou medo, muitos homens terminam
seu último ciclo sem viver de fato o que a vida apresenta de bonito e simples.
Como dizia o poetinha
Vinicius de Moraes: “Feito essa
gente que anda por aí brincando com a vida. Cuidado, companheiro! A vida é pra
valer. E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom ninguém me vai
dizer que tem sem provar muito bem provado. Com certidão passada em cartório do
céu. E assinado embaixo: Deus. E com firma reconhecida! A vida não é
brincadeira, amigo. A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro
pela vida...”
Na verdade a vida é curta e temos
que desfrutá-la pedacinho por pedacinho. Curtir as coisas boas, as mais simples,
encontram-se com facilidade, elas estão no coração de cada um. Por tudo isso
ofereço a meus leitores, que me dão tanto carinho nos encontros, nas ruas, nos
bares, nos lares, nos mares, o texto de um amigo, Sérgio Braga Neto que me presenteou
no final de 1997, eu o guardei no arquivo sentimental. As sábias sugestões de
Sérgio são para refletir, ajudar a curtir o ano novo e o verão que se aproximam.
“Não tome muito sol, cuide já desta barriga crescente, não esquente a
cabeça, não brigue, não corra, não morra, não ande armado, ande mais pelado,
ligue o ar, o ventilador, transpire, mas se inspire também, leia mais, desligue
a TV, encoste o carro, mexa-se, caminhe na praia, ande de bicicleta, mergulhe
de cabeça, manere no trânsito, aumente o rádio, olhe a paisagem, seja paciente,
não fique doente, veja a morena passar, deixe o tempo passar, deixe o juro
baixar, deixe o ano findar, esqueça o relatório, cuide do ócio, não só do
negócio, vá à matinê, faça a sua soirée, não se retraia, se distraia, curta o
verde do mar, veja a nudez se bronzear, sirva à turista, defina a sua musa,
esqueça a bolsa, abra a sua, circule a moeda, tome mais chope, troque de carro,
troque de paqueras, descubra novos bares, bote seu cotovelo no balcão, bote sal
na sua temporada de sol, tome gelados, sucos de pitanga, mangaba e açaí, que já
tem por aqui, coma aquela carapeba, tainha e curimã, mas preste atenção tome
cuidado com os bichos que estão no ar, urubu, gavião e carcará, e os que
rastejam na política, no chão, cobra, gabiru e camaleão, se exponha, não ponha
a mão no rabo do foguete brasileiro, tome juízo, se privatize, pule desse trem
desgovernado, tenha atitudes e estilo, cresça e principalmente não desapareça.
Mesmo porque, é a festa do verão
que se inicia com a chegada da era de aquárius, trazendo grandes mudanças e
emoções, nós estamos preparados e merecemos estar aqui! É a festa do verão, com
muito sol, água de coco, um grande agito e um calor muito louco, para nos
confundir.”
Em 2012 façamos força para amar a
vida simplesmente. É preciso trabalhar para viver, não, viver para trabalhar!
Que bom seria se pobres e ricos tivessem direito à Justiça, Liberdade, Educação,
e os corações de todos os homens estivessem permanentemente encharcados de
generosidade!
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