quarta-feira, 23 de outubro de 2019

OPINIÃO DE CARLOS IVAN

CARLOS IVAN - ENQUANTO ISSO


SIMPATIA

Quando se pensa que o mundo, atormentado por rebuliços, está cada vez pior, por ter eliminado as esperanças de salvação. As desconfianças no agente público corta o barato da sociedade. Mas, de repente surgem novidades para mudar opiniões. Provar que as astúcias não se eternizam.
Às vezes, basta um gesto simples, como movimentação corporal, gesticulação, aceno ou vibração para alterar os conceitos de que o mundo caminha para o desfecho. Sem solução. Os exemplos de que nem tudo está perdido, surgem a toda hora. Basta prestar atenção.
Foi o que aconteceu durante a Copa do Mundo, da Rússia, em 2018, quando Kolinda Grabar-Kitarovic, 50 anos, presidente da Croácia, desde 2015, apareceu para o mundo. Na maior simplicidade e sem frescura, Kitarovic mostrou ao mundo como o homem público pode se comportar publicamente, sem comprometer e nem causar constrangimento à imagem do país que representa como chefe de Estado.
Simpática, vibrante, emocionada, sorridente, sempre vestida com a camisa quadriculada do selecionado croata, na cor vermelha e branca, Kolinda, presidente do país balcânico, com 4 milhões de habitantes, seduziu. Atraiu a atenção das redes sociais ao pular, torcer com os braços abertos, incentivar, dar força, gritar, aplaudir as boas jogadas, comemorar até no vestiário, junto com os jogadores, o sucesso que o selecionado croata realizava no gramado dos estádios russos.
Mesmo integrante de partido conservador, Kitarovic manifestou ser pé quente. Só perdeu um jogo. A semifinal contra a Inglaterra, quando viajou à Bélgica para participar da cúpula da OTAN-Organização do Tratado do Atlântico Norte. Na reunião dos países da Aliança Militar do Ocidente, a lideer croata encontrou-se com vários líderes mundiais como Donald Trump, dos Estados Unidos, a então primeira ministra do Reino Unido, Theresa May, a chanceler alemã, Angela Merkel e mais 26 chefes de Estado e de Governo que, em conjunto com delegações de 55 países, participaram da cúpula em Bruxelas.
É dessa forma, extrovertida, que Kolinda costuma se comportar. Criança selvagem, a presidente croata cresceu fazendo tudo o que uma criança, considerada arisca, fazia para preencher os momentos de lazer. Subir em árvore, tomar banho de cachoeira, brincar de estilingue e para completar jogar futebol com os meninos. Igual à estrela da seleção brasileira Marta que começou batendo pelada com os meninos lá em Dois Riachos, interior de Alagoas. Até ser eleita seis vezes pela FIFA, ganhar seis troféus, como a melhor jogadora do mundo.
Para chegar ao posto máximo na política, Kolinda se preparou. Estudou diplomacia anos Estados Unidos, onde chegou a ser embaixadora de seu país, fez mestrado em Relações Internacionais no Canadá, foi ministra de Assuntos Europeus da Croácia, concluiu PhD em Política na Universidade de Zagreb, capital croata. Além de crescer torcendo pelo seu time do coração, o NK Rijeka, clube onde jogou na adolescência. Completando o interesse pelos esportes locais, como incentivadora, Kolinda tem na filha, Katarina Kitarovic, de 17 anos, como uma das promessas da patinação artística de seu país.
Como presidente da Croácia, agindo com a maior naturalidade, o mundo aprendeu que, para ser autoridade, chefe de Estado, não precisa a pessoa se enfronhar na pomposidade, agir com esnobismo e tremenda exigência. Se achar melhor do que os outros. Cobrar idolatria do povo. Julgar-se intocável. Mesmo cometendo deslizes.
Afinal, a competência, a habilidade e a destreza para administrar uma Nação não aparece na ostentação. Mas, na maneira como a política econômica/social é executada. Destinada para todos, sem priorizar classes sociais e partidos polítcos. Nem tirar proveito do cargo.
Existem pilares para manter a governabilidade de um país nos trilhos. Respeitar os direitos constitucionais, acercar-se de assessores idôneos, não comprometer a ordem e os interesses nacionais, garantir resultados positivos. Sem enveredar pelos caminhos dos atos ilícitos.
Neste ponto a Suécia é um primor de legalidade. Caso um político sueco cometa corrupção, o Estado deve ser restituído na íntegra pelo valor rapinado. Por um motivo bem simples. Num país democrático, o Poder Público vem do povo e somente para o povo, o Estado deve trabalhar. Com competência, honestidade e transparência.
É como define Lawrence da Arábia. “A arte de governar requer mais caráter do que inteligência”.

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