sexta-feira, 18 de outubro de 2019

OPINIÃO DE ALARI ROMARIZ TORRES.

POVO EDUCADO, POVO FELIZ

Alari Romariz Torres *
De Paripueira a Maceió são 25 quilômetros! E o que se vê, todo dia, é um festival de lixo pela estrada. O povo joga o resto de suas casas no meio da rua com pouca proteção. Os homens encarregados de recolher o lixo jogam os sacos nos caminhões de qualquer maneira e tais restos ficam a céu aberto.
Não há cooperativas de reciclagem do lixo e temos que entregar tudo junto. Lembro-me que há muito tempo, nosso amigo Carlito Lima fundou uma cooperativa de reciclagem na Pitanguinha e, segundo ele, ainda funciona.
No sábado passado, vínhamos da Barra de São Miguel e passamos pelo Dique Estrada e pela Favela Sururu de Capote. É tanta imundície que não sei como as pessoas sobrevivem em tal ambiente. O lixo é espalhado pelas duas vias. Já andei por dentro da favela; fiquei espantada com as doenças de pele nas crianças e os fios soltos pelo meio das casas. Uma situação muito triste!
Outro lugar sujo é o nosso mercado público. Um mau cheiro enorme e a sujeira espalhada dentro e fora do estabelecimento. Levei um neto, um dia, para comprar peixe; ele jurou não mais voltar por lá!
Enquanto isso, em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, os mercados são limpos e cheios de restaurantes. Vale a pena visitá-los.
Digno de nota: o Mercado de Jaraguá. Vou sempre lá comprar farinha de mandioca e me alegro com a limpeza reinante no ambiente.
Outro fato degradante em nossas cidades são as piscinas existentes nas residências. Toda segunda-feira, ao sair de casa, nos deparamos com a água retirada delas, escorrendo pelas ruas. A dengue e outras doenças esperam de braços abertos para fazerem novas vítimas. E não adianta dizer aos proprietários que elas podem ser tratadas sem a necessidade de esvaziá-las.
Na sexta-feira, estávamos num restaurante na Vila Niquim e um jovem servia de garçom. Pedimos a conta e ele veio limpar a mesa. Passava o pano e jogava os resíduos no chão. Limpava em cima da mesa e sujava em baixo.
Tive uma empregada no Recife que tratava o feijão e sacodia a sujeira no chão. Peguei uma vasilha e entreguei a ela. Não precisa, dizia, depois eu varro.
As praias do Nordeste são lindas e sujas. O povo vem, traz lanche e joga tudo que sobra na areia. É preciso educar as pessoas, colocar lixeiras e chuveiros nas áreas frequentadas. Os próprios restaurantes jogam os esgotos para o mar e os banhistas ficam pisando na água podre. Enquanto as prefeituras não fiscalizarem tais aberrações, nada será resolvido.
A educação de um povo começa pelas crianças. Cada carro deve ter um lixinho para os pequeninos usarem quando necessário. Dentro de casa, no colégio, nas ruas, eles, os pequenos, devem aprender onde jogar o lixo.
Sair da piscina para fazer xixi é outro modo de educar nossos filhos. Desde a tenra idade, devemos ensinar-lhes como agir. Comer dentro da piscina é outro mau hábito; tenho amigas que levam o prato para a borda da mesma e deixam seus filhos sujarem todo o ambiente; quando alguém reclama é taxada de chata.
Em época de festa em nossa cidade, as praias amanhecem muito sujas. Algumas pessoas acampam na areia e não se preocupam em recolher seus resíduos e depositarem no lugar certo. Pela manhã encontramos de tudo: até cocô boiando no mar.
O que me impressiona é que os próprios usuários sujem as cidades e não entendam que tudo retorna para suas casas ou para a dos outros. Os ratos e as baratas agradecem pela fartura de restos de alimentos deixados por eles.
Se nossa casa é limpa, mas a do vizinho é suja, nosso sacrifício não adianta nada. É preciso que todos pensem no local adequado para colocar o lixo, em não esvaziar suas piscinas sem necessidade e fiscalizar os que agirem de maneira errada.
Se não partirmos para educar nossos filhos e netos com sérias noções de higiene, teremos um fim melancólico.
Povo limpo é um povo feliz!
* É aposentada da Assembleia Legislativa.

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