sexta-feira, 18 de outubro de 2019

OPINIÃO DE AILTON VILLANOVA


CADÊ OS HOMENS DAQUI?!
Por: Aílton Villanova, jornalista

Por enquanto, os mandões deste País são, pela ordem, Gilmar Mendes, Davi Alcolumbre, Rodrigo Maia e Dias Toffoli. Mendes manda mais!
E Jair Bolsonaro? Manda não! Sua autoridade esmaeceu-se, obnubilou-se, confundiu-se com a vaidade de ostentar o título de presidente.
Uma considerável parcela do povo sofrido, espoliado, deste País ainda continua depositando suas esperanças em Bolsonaro. Mas ele prefere continuar fazendo ouvidos moucos aos apelos deste povo, no sentido de impor-se como mandatário maior da nação.
Agarrando-se ao cargo, Bolsonaro tem preferido bater boca com jornalistas idiotas e dispensar a maior das suas atenções e o melhor do seu tempo às sacanagens promovidas pela Globo, para responde-las bem ao seu gosto. Bolsonaro tem esquecido das suas cruciais obrigações para proteger seus filhos, que mais atrapalham do que ajudam o governo.
Nesse formidável vácuo, emboca aquela turma citada no exórdio deste Artigo. Dita súcia, tem provocado noites insones nos cidadãos brasileiros mais sensíveis a preocupações. Controlado pela dupla Alcolumbre/Maia, o Congresso estimula o clima de guerra que se instalou no Planalto e que o governo tenta esconder. Sabiam disso?
Pelo menos por três vezes, o ministro da Economia, Paulo Guedes ameaçou ir embora. Sabiam? Pois fiquem sabendo. De sua parte, Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, vem prometendo largar o Planalto e voltar à Câmara dos Deputados, para terminar de cumprir o seu mandato.
Hoje, o secretário especial de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia botou o dedo no suspiro do presidente: ou nomeia um seu candidato para a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ou se manda de volta às suas atividades ruralistas. Garcia acaba de abrir guerra contra a ministra da Agricultura, Thereza Cristina, que quer a primazia de indicar o novo presidente do Incra.
Estão lendo direitinho, amigos? Há mais coisa: a briga pelo comando do Incra tem dado motivo para fortes preocupações ao vice presidente Hamilton Mourão. Foi dele a indicação do seu colega general João Carlos de Jesus Corrêa, para o tão ardentemente disputado Incra.
Bolsonaro? Nem aí!
Enquanto o clima continua tenso no Planalto, o Incra continua acéfalo há uma semana. O general João Carlos, que ainda é o seu presidente, se mandou sem dar explicações à ninguém!
UM BRASIL CONFUSO!
O Governo Bolsonaro tem suscitado discussões de toda ordem. As mais ardentes se originam nos meios que o defendem com unhas e dentes. Da parte contrária, a radicalização dá até medo. De ambos os lados, todavia, a radicalidade tem tolhido o exercício da razão. Radicais de direita têm superado seus adversários em termos de irracionalidade. O direitista ortodoxo é mais míope que uma topeira.
De outra parte, estimulando essa disputa em nome de uma “razão” que o juízo de valor impera na conformidade de suas convicções, exsurge a mídia. Ah, essa é terrível! Quase toda ela é vermelha, nem tanto por convicção, mas, simplesmente, por conveniência.
Uma parcela da mídia informativa atua com o equilíbrio que dela se exige. Desta, eu faço parte.
Exerço o jornalismo com a consciência da verdade e da independência que todo formador de opiniões deve ter. Jornalista que pratica o partidarismo na profissão, seja de direita ou de esquerda, é burro.
Votei no Bolsonaro. Torço pelo sucesso do seu governo. Ponto. Mas, como jornalista, eu não posso compactuar com seus eventuais erros, desacertos e desmandos. Eu tenho a obrigação de denunciá-los.
Dizer que Bolsonaro tem sido impecável na condução dos destinos da Nação, eu não posso. Minha consciência não permite. Enquanto ele ainda dormita sob os louros da vitória de quase 1 ano atrás, adversários vêm arquitetando a sua desgraça, bem na frente do seu nariz. Entre tantas, Bolsonaro tem conseguido a proeza de desagradar seus aliados mais fiéis, por não vir reagindo a certas tramoias urdidas nas próprias Forças Armadas, numa proporção que não chega a assustar.
Amanhã, seria o dia mais apropriado para o capitão mostrar a sua força. É que o STF pode fazer valer o instrumento que desmoralizaria de uma vez por todas a Justiça do Brasil, concedendo ao detento Inácio lula o “salvo conduto” para se mandar do país, “cantando vitória”.
Nem o exemplo oferecido pelo seu colega Martin Vizcarra, presidente do Peru, o anima a uma “atitude macha” que poderia se resumir numa simples advertência ao STF, no seu linguajar mais usual:
- Se vocês insistirem na pretensão de desmoralizar a nossa Justiça, eu vou aí e fecho essa porra!
Bastaria esse pequeno gesto para abrir os olhos da camarilha que ocupa o Congresso Nacional e a súcia que ocupa os lugares mais privilegiados da suprema corte da justiça brasileira.
Bem dizer sozinho, Vizcarra fechou o parlamento peruano, onde a corrupção perto do que se observa no congresso brasileiro é uma besteirinha de nada.
Desde a guerra contra o Equador, em 1941, e até o ano de 1980, o Peru vinha experimentando uma fase formidável de crescimento, com um governo de direita enérgico. Depois daquele ano de 80, com o crescimento do movimento guerrilheiro Sendero Luminoso, começou a cair em desgraça. Em 1992, Alberto Fujimori liderou um movimento golpista, suspendeu a constituição e ditou as suas próprias leis.
No Brasil dos tempos atuais, em que pese encontrar-se no poder um militar de direita, que ainda pode resgatar a dignidade ultrajada do seu povo, a expectativa é a da incerteza.

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