domingo, 22 de setembro de 2019

MARCELO ALCOFORADO - A PROPÓSITO - JBF



NAVIOS E CONQUISTADORES

Há momentos que emprestam brilho à história. São aqueles instantes cruciais, como os que marcaram a conquista de América do Sul pelos espanhóis, de relevância tal que impõe coragem superlativa, transborda de brios, insculpe nomes na história.
O espanhol Francisco Pizarro, por exemplo, ocupa a sua página como o conquistador do Peru, ao submeter o império inca ao poderio da Espanha. O que ele fez? Com um punhado de homens e quatro cavalos, ele zarpou em busca do seu destino e, tão logo chegou, sua primeira providência foi queimar os navios. A partir daquele instante não havia como recuar. Era vencer ou vencer todos os obstáculos que se apresentassem, o mais importante deles uma inevitável guerra cruenta aos donos daquelas terras.
O que teria levado o conquistador a atitude tão temerária? O pasmo é ainda maior quando se leva em conta que ele conhecia a quase intransponível dificuldade da empreitada. Todas as grandes coisas até hoje feitas envolveram um ato semelhante ao de Pizarro. a decisão de queimar os próprios navios, para não ter como bater em retirada.
Por aqui, todos os dias, o presidente Jair Bolsonaro queima um navio, com a chama do seu temperamento inflamado. Convém lembrar, entretanto, que assim como no Peru logo se estabeleceu um diálogo entre incas e espanhóis, com Pizarro habilmente mostrando aos nativos suas armaduras, arcabuzes e vinho, enquanto estes falavam entusiasmados de sua civilização e do ouro, da prata e das pedras preciosas ali existentes.
Para encurtar a história, Francisco Pizarro conquistou e explorou as riquezas peruanas na qualidade de governador e capitão geral. Jair Bolsonaro, mesmo com seu temperamento peculiar, digamos, pode fazer muito pelo Brasil. Afinal, foram os polidos, os doutos, os fenomenais que deixaram o país no caos em que se encontra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário